sexta-feira, 20 de maio de 2016

Atrás do Abandono





Você já folheou um coração espancado?

Acordado em desalinho?

Em processo de penumbra do abandono?

Como um riscar endurecido no cimento?

Como lamber a ponta dos dedos sujos de giz?

Como escovar dentes esmaltados com carvão úmido?

Como fogueira largando fumaça?

Como enfermo fora de órbita?

Como selvagem descompromissado com a civilização?

Como uma maldição em crise?

E deu-lhe um abraço aconchegante, sem lhe perguntar nada?

Absolutamente nada?

Nunca? 

Experimente...






Jorge Schweitzer








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