segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Íntegra do artigo do Desembargador Siro Darlan: 'Do insulto à injúria' em que pede a saída do desembargador Manoel Rebêlo da presidência do TJ




Siro Darlan é desembargador da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio

"Pouco mais de 24 horas se passaram desde que a juíza Patrícia Lourival Acioli foi chacinada. Quando se pensava que a covardia desse ato ficaria restrita a ele próprio — um insulto em forma de cusparada de sangue na cara do País —, se vê a ele somada a injúria da empáfia das autoridades públicas, especialmente as do Judiciário do Estado do Rio de Janeiro.

O atual presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro se apressa em justificar o injustificável: o motivo para uma juíza que até as paredes do Fórum de São Gonçalo sabiam ameaçada de morte estar completamente à mercê de seus matadores é singelo: ela não requisitara proteção, por ofício. Não obstante, sem ofício, ou melhor, de ofício, sua segurança, conforme avaliação (feita por quem? com base em que critérios?) do próprio tribunal, havia minguado na proporção inversa do perigo a que a juíza diariamente se via submetida. Fica, assim, solucionado o crime: Patrícia cometeu suicídio. Foi atingida por si mesma, 21 vezes, vítima de sua caneta perdida, que se encontrava a desperdiçar tempo mandando para a cadeia milicianos e todo tipo de escória que cresce à sombra do Estado, de sua corrupção e de sua inoperância.

Patrícia era uma incompetente, uma servidora pública incapaz de fazer um ofício! Não é isso que o senhor quer dizer, Presidente?

Que vergonha, Exa.! Por que no te callas? Melhor: renuncie ao seu cargo. No mínimo será muito difícil seguir à frente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, com a morte de Patrícia em suas costas. Ela está agarrada ao seu corpo e ao do seu antecessor, como uma chaga pestilenta. Sua permanência no ambiente dá asco e ânsia de vômito.

Qualquer pessoa que assistisse ao noticiário televisivo, que lesse jornal ou que tivesse acesso a algum outro veículo de imprensa nacional tinha conhecimento da situação de Patrícia e de que sua vida estava em risco. Não a Presidência do TJRJ. Segundo palavras do ex-presidente daquele órgão, seu único contato com a juíza se deu numa ocasião em que esta por ele foi chamada para prestar esclarecimentos a respeito de um entrevero que tivera com um namorado. O fato chegou às folhas e S. Exa., o então Chefe do Judiciário, se sentia no dever de agir logo, chamando às falas (sem ofício) a subordinada que colocava em xeque a imagem do Poder por ele gerido. Mas, para proteger a vida de Patrícia – ah, aí é querer muito! — era fundamental um ofício! E fico a pensar: em quantas vias? 21? As cópias deveriam ser em carbono azul ou seria possível usar um modelo vermelho sangue?

Era necessário que a magistrada juntasse ao expediente um mapa com a localização do Fórum de São Gonçalo, talvez? Ou um comprovante de residência? Atestado de bons antecedentes? Declaração dos futuros assassinos afirmando que a ameaça era real (a lista encontrada com o ‘Gordinho’ não tinha firma reconhecida, nem era autenticada, afinal).

Não tentem ler a minha mente, sem antes chamar um exorcista. Magistrados de primeira instância, uni-vos! Vossa integridade física está à mercê da fortuna. Vossa vida a depender de uma folha de papel. Vossas famílias nas mãos de mentecaptos. Marginais e milicianos em geral devem estar com a dentadura escancarada num esgar de romance policial. Bastaram duas motos, dois carros, um bando de vermes, 21 tiros e poucos segundos para derrubar o castelo de cartas que era a imagem da Justiça no Estado do Rio. Com tão pouco se revelou a podridão de um reino de faz-de-conta, o que contrasta com o quanto foi necessário para liquidar uma mulher só.

Um Poder sem força, sem visão, sem preparo; um setor do serviço público que se transformou, em verdade, numa grande empreiteira; quando não em um balcão de negócios (quebre-se o silêncio!). É inacreditável que a mais alta autoridade judicial do Estado sequer ruborize ao dizer que a proteção de uma juíza comprovadamente listada como alvo da milícia dependia de um pedido escrito. A declaração do magistrado-mor revela aos interessados em seguir matando juízes que o “Poder” por ele administrado não tem a menor ideia da realidade enfrentada pelos julgadores de primeira instância. Precisa ser provocado, cutucado, instado. O pleito de auxílio aos que dele carecem deve passar por um processo, um crivo que, como se viu, é muito eficiente, se o resultado perseguido for a eliminação daquele que precisa ser protegido. O Judiciário não realiza, por sua conta, qualquer controle, não mantém investigação permanente, não monitora seus inimigos: é um Poder-banana.

Os juízes de direito, de agora em diante, se transformaram na versão nacional do dead man walking (expressão gritada pelos guardas quando acompanham os sentenciados até o local da execução, nos presídios com corredor-da-morte, nos EUA). Os próximos serão os promotores, os delegados de polícia (os agentes penitenciários já são eliminados de há muito, assim como os jornalistas), os homens de confiança do Secretário de Segurança e este mesmo. Governador, tremei. Quem há-de impedir que isso ocorra?

A temporada de caça está aberta. A porta do Judiciário era sem trinco e agora não adianta colocá-lo. Tarde demais. Até que a Justiça se mova e organize um sistema de autodefesa pró-ativo (e não movido à base de papeluchos), muitos perderão a vida. O crime não precisa se organizar. Basta conhecer o endereço do juiz, discando 102.

Pior: doravante, será mais do que suficiente um olhar de soslaio do réu para que o juiz assine — trêmulo, mas de pronto — o alvará de soltura. Eu, no lugar de qualquer deles, assinaria. Você não? Bem-vindos à terra sem lei, sem vergonha e sem senso de ridículo.

Não se esqueçam de Patrícia Acioli!"

O desembargador Siro Darlan enviou artigo ao DIA no fim de semana criticando a chefia do Tribunal de Justiça do Rio na proteção à juíza Patrícia Acioli


PS: Dr. Siro Darlan, caso encontre a citação aqui em meu blog gostaria que fizesse contato: jorschweitzer@gmail.com ... JS





5 comentários:

  1. Aqui na Alemanha, a cabeça do desembargador já teria "rolado" ha´ muito tempo.
    Mas a Alemanha e´ um pais sério...

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  2. DR SIRO DARLAN,

    O QUE DIZER ENTÃO DE UMA INOCENTE CRIANÇA DE 5 ANOS, ARRANCADA DOS BRAÇOS DA MÃE, ENTREGUE POR UM PARECER DA JUSTIÇA A UM PAI TORTURADOR, COM HISTÓRICO DE VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES EM GERAL, SEM QUE A MÃE PUDESSE SEQUER LIGAR PARA A PRÓPRIA FILHA DE QUEM CUIDOU EXEMPLARMENTE ATÉ SEUS 5 ANOS. JOANNA MARCENAL FOI TORTURADA POR 50 DIAS ATÉ A MORTE...E HOJE SEU PAI CONTINUA TRABALHANDO NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO...SUA MÃE LUT0U DE TODAS AS MANEIRAS PARA MANTER A FILHA A SEU LADO, MAS PORQUE NÃO CONSEGUIU ATÉ HOJE NÃO SABEMOS...TALVEZ A INOCENTE JOANNA DEVESSE TER FEITO UM OFÍCIO PEDINDO PROTEÇÃO Á JUSTIÇA, ESTE EM 50 VIAS, DE SANGUE INOCENTE DE UM ANJINHO...JUIZ SIRO INTERCEDA NA LUTA POR JOANNA!!!! CLAMAMOS POR JUSTIÇA!!!JOANNA NÃO ESQUECEREMOS!!! Denise

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  3. UMA SINGELA ADAPTAÇÃO AO TEXTO DO DESMBARGADOR SIRO DARLAN, (TÃO ATUAL)...PEÇO LICENÇA - AS FRASES EM MAÍSCULO FORAM ALTERADAS)
    ...Pouco mais de 1 ANO se passou desde que JOANNA MARCENAL foi ASSASSINADA. Quando se pensava que a covardia desse ato ficaria restrita a ele próprio — um insulto em forma de cusparada de sangue na cara do País —, se vê a ele somada a DECISÃO DO JUIZ MURILO ANDRÉ KIELING CARDONA PEREIRA, DE NÃO ENVIAR PAI E MADRASTRA PARA O JURI POPULAR, POR NÃO SE TRATAR DESTE UM “DELITO CONTRA A VIDA”. TRATA-SE DE QUE ENTÃO ?

    JUIZES DO RIO DE JANEIRO se apressam em justificar o injustificável: o motivo para QUE UMA CRIANÇA que até as paredes do Fórum sabiam DO RISCO QUE CORRIA JOANNA completamente à mercê de seus matadores é singelo: ela não requisitara proteção, por ofício. JOANNA FALHOU. Não obstante, sem ofício, ou melhor, de ofício, sua segurança, conforme avaliação (feita por quem? PELA JUÍZA CLÁUDIA NASCIMENTO VIEIRA com base em que critérios? DE DUAS PSICOLÓGAS (ROBERTA CARVALHO E VÂNIA SUELI MAFRA) QUE NÃO OUVIRAM A CRIANÇA E A MÃE) do próprio tribunal, havia minguado na proporção inversa do perigo a que a CRIANÇA diariamente se via submetida. Fica, assim, solucionado o crime: JOANNA cometeu suicídio. Foi atingida por si mesma, POR 50 DIAS. vítima do JUDICIÁRIO.
    JOANNA era uma incompetente, uma CRIANÇA QUE QUERIA BRINCAR E SER FELIZ , incapaz de fazer um ofício. DEVE SER POR ISSO QUE FOI CRUELMENTE TORTURADA

    Que vergonha, ExaS.! No mínimo será muito difícil continuarem COMO JUIZES, PSICOLOGAS, ESCREVENDO LAUDOS COM SANGUE DE UMA CRIANÇA INOCENTE!. Ela está agarrada ao seu corpo , como uma chaga pestilenta.
    PARA REDIGIR E ACEITAR LAUDOS TENDENCIOSOS tiveram todo o tempo. Para proteger a vida de uma criança . Daí era querer muito! — era fundamental um ofício! E fico a pensar: em quantas vias? 50? As cópias deveriam ser em carbono azul ou seria possível usar um modelo vermelho sangue?


    Magistrados de primeira instância, uni-vos! Vossa integridade física está à mercê da fortuna. Vossa vida a depender de uma folha de papel. Vossas famílias nas mãos de mentecaptos. SERES QUE CONTINUAM TRABALHANDO NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA IMPUNE! ,
    Um Poder sem força, sem visão, sem preparo; um setor do serviço público que se transformou, em verdade, numa grande empreiteira; quando não em um balcão de negócios (quebre-se o silêncio!).


    Não se esqueçam de JOANNA MARCENAL!

    Denise

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  4. Parabéns Denise!

    Seria realmente oportuno que o Dr. Siro Darlan lê-se esse seu desabafo.

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  5. eu não disse?
    Eles são todos imcompentes!
    tem que fazer uma faxina lá dentro.

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