Stefen Zweig e o leilão bento na Pia das Almas

Talvez vocês não conheçam Stefen Zweig...

Mas, todos conhecem a citação 'Brasil, país do futuro'...

Sábado passado assisti um filme na TV Brasil, antiga TVE Rio de Janeiro, sobre o escritor e filósofo...

Peguei pela metade sem comprender se tratava-se de produção brasileira já que parte dos diálogos são em inglês e poucas falas em português...

Certa hora, cômico um carteiro entregar correspondência para o Zweig falando em inglês...

Se hoje em dia inimaginável carteiro poliglota, na década de 50 perfeitamente irreal...

Zweig era escritor competente...

Pensador reconhecido...

Fugiu do nazismo que combatia para refugiar-se no Brasil durante a ditadura Vargas...

Em troca da proteção do governo Getulio Vargas, Zweig permitiu-se servis loas ao regime brasileiro que torturava adversários, mantinha prisioneiros políticos e enviou Olga Prestes para Hitler executar em campos de concentração...

A opinião público pilhou a incoerência explícita de Zweig...

Apesar de best-seller alavancado pelo departamento marqueteiro getulista, Zweig entrou em profunda depressão pelo discurso na contramão...

Eram tempos que homens possuiam caráter a auto purgar seus desvios necessários...

Zweig cometeu suicídio junto com sua Charlotte em Petrópolis/RJ ...

Vargas não permitiu autópsia dos corpos...

Ditadores odeiam legistas...

Se hoje em dia, Zweig morreria de velhice...

Qualquer escritor com recurso mínimo de malabarismo a esbofetear o vernáculo possui repertório oportunista para justificar trocar de lado sobre dizimar inocentes seja em campos de extermínio quanto apoiar a justiça vigente que cerceia opinião e não permite a verdade ...

É a lógica dos novos tempos...

Perdemos ideais desfraldados aos ventos no mirar de nossos próprios umbigos...

Juro, juro mesmo que nem tenho mais condições de achar vergonhoso...

Não se pode desprezar riscos ideários sem a contrapartida do castigo...

É assim que funciona...

O leilão das almas na bacia do escambo da necessidade pragmática...

Todos temos um preço...

Todos...




Jorge Schweitzer