domingo, 21 de agosto de 2011

Via Show => A cada dois dias delegacia de São João de Meriti (62a. DP) registra uma ocorrência policial na casa de espetáculos




Paulo Carvalho

Dia sim, dia não, em média, desde o início deste ano, a casa de espetáculos Via Show, em São João de Meriti, na Baixada, aparece em registros policiais. Um levantamento feito pelo EXTRA na 64ª DP (São João de Meriti) comprova que, de 3 de janeiro até 12 de agosto, foram feitos 105 registros de ocorrências envolvendo o estabelecimento.

Um dos últimos casos envolve a morte de dois jovens, após uma confusão dentro da Via Show, em 29 de julho. Nove pessoas que estavam num Corsa foram perseguidas até Duque de Caxias onde Paulo Sérgio Nalesso de Oliveira, de 19 anos, e Marlene Cristina Soares Moreira, de 16, foram baleados e morreram.

Dos registros, a maioria — 64, o equivalente a 61% do total — referem-se a furtos ocorridos dentro da casa. São clientes que tiveram seus celulares, bolsas ou carteiras com documentos furtados.

No entanto, o que mais tem preocupado o delegado Alexandre Ziehe, titular da 64ª DP, são as ocorrências sobre lesões corporais que envolvem os seguranças da Via Show. Foram 23 reclamações de clientes que dizem ter sido agredidos.

— Montamos um livro com fotos de todos os seguranças cadastrados pela casa, para serem reconhecidos por eventuais vítimas — explica Ziehe.

Outro problema sério é o número de menores que frequentam a casa. De acordo com o delegado, jovens estão falsificando carteiras para poder burlar a fiscalização da Via Show. Somente na semana passada, foram apreendidas 18 delas.



Elizabeth e Sirley Paulino, mães de jovens mortos após confusão na Via Show Foto: Roberto Moreyra / Extra

Há mais de sete anos que Sirley Muniz Paulino não tem um sono tranquilo. Em 9 de dezembro de 2003, ela recebeu a confirmação de que corpo do filho Bruno Muniz Pauino, de 20 anos, havia sido encontrado com os dos primos Rafael e Renan Medina Paulino e do amigo Geraldo Santana em Imbariê. Os quatro haviam desaparecido dois dias antes, após se envolverem numa confusão com seguranças da Via Show, dentro do estacionamento que serve à casa. Há seis meses, ela viveu um desdobramento do drama: perdeu o marido, vítima de enfarte — ele não resistiu à perda do filho.

Para Sirley, é um alento a informação de que a polícia e o Juizado da Infância e Adolescência de São João de Meriti querem resolver o problema dos crimes ligados à Via Show. Na época das mortes, ela e Elizabeth, mãe de Renan e Rafael, já pediam o fechamento da casa de espetáculos.

— Acho que ela deveria fechar sim, para servir de exemplos a todas as outras, os “filhotinhos” que funcionam por aí. Não quero saber que outras mães estão chorando a morte dos filhos — diz Sirley.

Apesar de os registros de agressões contra frequentadores da Via Show, a assessoria de imprensa da casa afirmou desconhecer qualquer tipo de problema envolvendo seus seguranças na área interna.

Segundo eles, os seguranças são treinados para sempre tratar bem seu público. Sobre os registros de furtos, a assessoria também afirmou não ter conhecimento, e disse que existem 62 câmeras espalhadas pela casa para tentar inibir qualquer tipo de ação ilícita.

Quanto à perda de algum pertence, a assessoria afirma que não há como a casa se responsabilizar. E, sobre a presença de menores, a Via Show disse ser permanentemente proibida a entrada.





Um comentário:

  1. Trabalhei na ViaShow um tempo e sempre fui orientado pelo Sr. Sergio (auxiliar do chefe da segurança) para baixar a porrada e caso nao desse conta chamasse o mesmo pois haveria um reboque para a"ponte da verdade".Fico envergonhado de ter trabalhado em tal lugar, mas infelizmente é o que me restava por estar desempregado; pois eles nao assinam a carteira. Só pagam o dia de trabalho caso ache que seu serviço foi bom.

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