sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Chiquinho da Mangueira Vs Coronel Erir Ribeiro





Sexta-feira, 23 de Maio de 2003, 18:29


Oficial da PM volta a acusar secretário de Esportes do Rio

O tenente-coronel Erir Ribeiro da Costa Filho disse nesta sexta-feira que o secretário estadual de Esportes, Francisco de Carvalho, o Chiquinho da Mangueira, a quem acusa de conivência com o tráfico, precisou do consentimento de criminosos para instalar seu programa social no Morro da Mangueira.

Diante da declaração, o secretário de Segurança Pública, Anthony Garotinho, admitiu que, em “um caso ou outro”, os projetos necessitam de autorização dos bandidos. Já Chiquinho negou que isso tenha acontecido com ele. Em entrevista à TV Globo, Costa Filho afirmou que quem desenvolve projetos sociais em lugares dominados por traficantes tem de pedir permissão a eles.

“Todos nós sabemos que quem está nessas comunidades tem que ter autorização do tráfico. Isso é de conhecimento nacional. Para fazer um trabalho comunitário, ser eleito deputado, eu tenho que ter autorização”, disse Chiquinho, o segundo deputado estadual mais votado do PSB (partido do secretário de Segurança Pública, Anthony Garotinho, e da governadora Rosinha Matheus) nas últimas eleições, com 55.785 votos, e o 15º mais votado do Estado.

Garotinho também rebateu a afirmação de Costa Filho: segundo ele, em algumas situações os projetos precisam mesmo de autorização dos criminosos, mas esse não foi o caso da Mangueira. “Tenho certeza de que nos programas sociais da Mangueira não há interferência (do tráfico). Se houvesse, você acha que o presidente dos Estados Unidos Bill Clinton iria lá?”, disse, referindo-se à visita de Clinton à Mangueira em outubro de 1997. Na ocasião, o presidente norte-americano visitou a Vila Olímpica da favela, um dos programas tocados por Chiquinho.

Durante a entrevista – a primeira desde terça-feira, quando o caso veio à tona com o discurso de despedida de Costa Filho do batalhão, o oficial falou sobre a reunião que teve com Chiquinho, em fevereiro, e que o levou a denunciá-lo. “Ele estava nervoso, pedindo para diminuir as incursões na Mangueira porque estava sendo pressionado pelo tráfico”, afirmou.

No comunicado que enviou a seus superiores à época, o oficial relatou que Chiquinho pedira uma “trégua” em favor dos traficantes, que não estariam “vendendo nada” por causa da ação da PM. A mando de Garotinho, o tenente-coronel foi exonerado do comando do batalhão da PM responsável pelo policiamento da Mangueira três meses depois de entregar o comunicado.

Chiquinho tem outra versão: diz que só pediu para que o oficial não fizesse operações nos horários de entrada e saída das crianças da escola. “Continuo dizendo a verdade”, afirmou nesta sexta-feira.

http://www.estadao.com.br/arquivo/cidades/2003/not20030523p7462.htm

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