quinta-feira, 14 de julho de 2011

Joelson de Souza Ramos Vs Nathália Savana

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A Polícia Civil divulgou o retrato falado da principal suspeita do homicídio e esquartejamento de um homem no motel Colonial, crime ocorrido na noite de domingo (10). Já está confirmado também que a vítima é o técnico de informática Joelson de Souza Ramos, 32 anos, cujo apelido era "Peco". Identificada até o momento como "Nathália Savana", a mulher dizia que morava em Macapá e mantinha um namoro pela internet com a vítima há dois anos. Antes de morrer, Joelson enviou R$ 3 mil e todos os seus pertences à namorada, na esperança de construir uma vida a dois na capital amapaense.

O perito Leuzimar Torres Alves, da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRC), entregou ontem de manhã o retrato falado de "Nathália" ao titular da Divisão de Homicídios, Luiz Xavier. Na imagem, uma mulher de pele clara, sobrancelha e lábios finos, olhos pequenos e cabelos na altura do ombro com mechas loiras, aparentando entre 38 a 43 anos, com altura entre 1,60 e 1,65 metro e compleição física considerada "forte".

A semelhança facial com a suspeita é de 70%, ressalta Xavier, mas amigos da vítima, que já viram fotos dela em redes sociais na internet, afirmam que ela aparenta ser mais jovem do que a foto produzida a partir dos relatos de um taxista que a buscou no motel, nos primeiros minutos de segunda-feira (11). Embora a mulher tenha afirmado por dois anos a Joelson que mora em Macapá, ela pode, na verdade, residir em Belém.

A Polícia Civil trabalha com a hipótese de existir, pelo menos, mais um homem envolvido no assassinato macabro de Joelson, que morava sozinho e era tido como uma boa pessoa, trabalhadora e sem vícios. Luiz Xavier explicou que o outro participante do crime é um homem de pele clara, magro, com cerca de 1,80 m de altura, cabelos curtos e olhos castanhos. Ainda não houve possibilidades de produzir um retrato falado para ajudar na procura do suspeito.

Ontem, por volta de meio-dia, o retrato falado de "Nathália" foi divulgado em um programa jornalístico e uma prima de Joelson reconheceu a mulher como a suposta namorada virtual do técnico de informática. Mais tarde, cerca de 15h, o tio de Joelson, Mairugo Siqueira, 43 anos, foi até a Divisão de Homicídios falar do desaparecimento do sobrinho.

"Minha mulher, umas 9 horas, me falou do crime. Depois a gente viu na televisão. Ela disse que o pessoal não estava nem fazendo força para carregar o corpo e a gente pensou nele, que é pequeno, tem cerca de 1,55 de altura. Foi muita coincidência porque ele disse que ia viajar para Macapá e desapareceu. Depois teve a notícia de que encontraram um corpo decapitado em um motel", relatou Siqueira.

Relacionamento virtual já durava 2 anos

Mairugo Siqueira disse que há dois anos Joelson mencionava o relacionamento com a mulher de Macapá e afirmou que seu sobrinho era muito ingênuo. "Ele, na verdade, foi muito besta para ela. Mandava dinheiro sem nem conhecer direito. Agora aconteceu isso aí", declarou, pouco antes de entrar na sala do delegado Luiz Xavier, para colaborar com as investigações.

Pouco antes de Siqueira, um mototaxista também prestou depoimento na Divisão. Sem se identificar à imprensa, ele contou que reconheceu a camisa mostrada em fotos de jornais como sendo do homem que deixou no motel Colonial por volta de 22 horas de domingo. "Quando eu soube que tinham matado um homem no motel, comentei com a minha esposa que tinha deixado um rapaz lá, no domingo. Aí hoje eu reconheci a camisa e fiquei com medo, mas ela me aconselhou a procurar a polícia e ajudar nas investigações", contou.

O mototaxista disse que Joelson pediu uma corrida na frente de uma farmácia na avenida Rodolfo Chermont, no bairro da Marambaia. Informou ao condutor o destino e negociou a corrida por R$ 15,00, reclamando um pouco do preço. Antes, entrou na farmácia para sacar dinheiro de um caixa eletrônico. "O circuito de câmeras deve ter a imagem dele entrando, com certeza", frisou a testemunha.

"Antes de ir ainda perguntei se ele estava com um pouco de pressa e ele disse que sim. Chegamos no motel e quando deixei ele lá eram dez horas da noite. Eu lembro porque olhei no relógio para não perder o horário de buscar a minha mulher no trabalho", comentou. O depoimento do mototaxista serviu para dissipar qualquer dúvida sobre a identidade da vítima. Segundo Luiz Xavier, a gravação do circuito interno de câmeras do motel Colonial já foi solicitada e deve servir para identificar os assassinos de Joelson.

Técnico enviou R$ 3 mil e todos os pertences para macapá

Joelson de Souza Ramos tinha 32 anos e trabalhava na Faculdade Metropolitana da Amazônia (Famaz), situada na avenida Visconde de Souza Franco, no bairro do Reduto. Ele morava sozinho em uma pequena casa na rua Resistência, com entrada pela rua da Mata, no bairro da Marambaia. Na última sexta-feira (8) ele havia comprado uma passagem de avião para Macapá, para onde partiria na segunda-feira (11).

A ideia era viver com "Nathália Savana", como a namorada virtual se identificava desde que eles se conheceram. Para realizar o sonho a dois, Joelson foi convencido pela mulher há pouco mais de um mês a largar o trabalho na Famaz, pegar a indenização e com o dinheiro montar uma pequena lanchonete, em Macapá, onde ela dizia que morava. Certo de que havia encontrado uma companheira, ele pegou os R$ 3 mil da indenização, enviou para ela e também comprou alguns objetos essenciais para o novo negócio, além de enviar todos os seus pertences à capital do Amapá.

Sobrou pouca coisa para levar, contou o amigo da vítima, Joelson Portilho dos Santos, 30 anos. "Ele ia mesmo só com a roupa do corpo, porque tudo que ele tinha já tinha sido mandado para ela, já estava para Macapá. Ele mandou uma remessa grande pelo navio. Depois foi mandando aos poucos também o resto das coisas", disse o amigo.

A atitude de Joelson está atrapalhando a investigação policial. O principal meio de comunicação entre ele e a suposta assassina era o computador, que também foi enviado para Macapá. Na casa dos principais amigos da vítima, o comentário é que ele era um homem solitário, nunca havia namorado sério com nenhuma mulher e não tinha vícios como bebida, cigarros ou drogas ilícitas.

Mulher ligou perguntando horário em que a vítima chegaria

Por volta das 21 horas de domingo (10), Joelson recebeu uma ligação de "Nathália". Para a sua surpresa, a mulher por quem ele era apaixonado não estava em Macapá, onde ficaram de se encontrar no dia seguinte e começar uma vida a dois. Pelo celular, ela informou que estava em Belém, aguardando-o no motel Colonial.

Antes de seguir, ansioso e muito surpreso, para o encontro, Joelson parou na lanchonete do tio, Mairugo Siqueira, situada no conjunto Médice. Lá, ele falou com uma prima e seguiu caminhando para uma farmácia na avenida Rodolfo Chermont, no bairro da Marambaia, onde iria sacar dinheiro e depois pegar um mototáxi para chegar ao motel.

No caminho, ainda encontrou um funcionário do seu tio, chamado Rodrigo, para quem teria dito que não compreendia a atitude de Nathália, de vir para Belém no domingo, quando ele estava com com a viagem marcada para Macapá. "Ela deve estar doida", teria dito Joelson.

Às 21h30, já na companhia do mototaxista que o levaria até o motel, ele recebeu um telefonema. Pelo tom de voz e pela conversa, supõe-se que era "Nathália" perguntando quanto tempo ele demoraria para chegar. Ele estipulou meia hora e, de fato, meia hora depois estava cruzando a portaria do motel Colonial.

Antes, por volta das 21 horas, "Nathália" e um homem branco, magro, de olhos castanhos e cabelos curtos pegaram um táxi em frente à Pizza Hut, na rodovia BR-316 e seguiram para o motel Colonial. Lá, eles pediram dois quartos separados, sendo entregues a eles as chaves dos apartamentos 403 e 405. Ela ficou no 403 e disse que um homem a procuraria logo mais. O homem branco foi para o 405 aguardar o momento de agir.

Por volta das 22h, Joelson chegou. Informou na portaria que estava sendo aguardado e foi orientado erradamente a entrar no 405. Lá, percebeu o engano. Voltou à portaria, reclamou e foi encaminhado ao quarto certo, o 403, onde a mulher o aguardava.

"Ele estava gostando muito dela", diz amigo

Os conhecidos de Joelson também chamaram atenção para um fato que pode apontar que "Nathália" estava mal-intencionada havia muito tempo. Em janeiro deste ano, Joelson teria recebido o dinheiro de suas férias e enviado para a mulher, a fim de que ela viesse passar uma temporada em Belém e, assim, concretizasse a relação amorosa que se dava apenas pela internet. No entanto, depois de receber a quantia para que viajasse, "Nathália" ligou afirmando que estava em Marabá, no sul do Pará, e lá havia sido roubada. Preocupado, Joelson foi até a cidade e não a encontrou. Também não havia registro de roubo tendo o nome dela na unidade de Polícia Civil do município.

"Isso é uma prova de que ela enganava, pegava o dinheiro dele. Mas ele estava gostando muito dela. Vivia falando que ia dar certo, que iam ficar juntos", comentou o amigo de Joelson.

Considerado uma excelente pessoa, Joelson era órfão de pai e mãe e chegou a viver com parentes em Macapá. Há cinco anos morava sozinho, sendo que antes chegou a residir com o tio Mariugo Siqueira, quem também lhe ofereceu emprego em uma lanchonete, antes de ele pedir dispensa e começar a trabalhar na Famaz.

Há suspeitas de que a mulher, identificada pelos amigos de Joelson como "Nathália", não morasse na capital do Amapá, mas em Belém, sendo o endereço fornecido por ela mais um elemento da farsa para manter a relação e se beneficiar financeiramente da vítima. A residência na capital paraense pode explicar, por exemplo, o fato de ele ter comprado a passagem para Macapá, marcada para a segunda-feira (11), e ela ligar para ele no domingo (10), avisando que o estava aguardando no motel Colonial.

Delegado considera duas hipóteses

Segundo o delegado Luiz Xavier, o assassinato de Joelson pode ter sido consumado em duas circunstâncias: ou durante o ato sexual com "Nathália" ou depois de ter sido dopado, hipótese que só poderá ser confirmada após laudo do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves. Xavier sustenta a possibilidade em razão dos golpes nas costas da vítima: há dez perfurações nas costas feitas com a faca encontrada no local do crime.

É possível que a vítima tenha feito pouco barulho ao morrer, porque os funcionários do motel não ouviram nenhum ruído incomum enquanto o crime ocorreu. No peito de Joelson foram vistas ainda marcas de três facadas, também profundas e desferidas violentamente, talvez dadas para garantir a morte do técnico de informática. É certo que a mulher deixou a porta do quarto aberta para o homem do 405 entrar e ajudar no crime.

Depois de matar Joelson, os assassinos cortaram os braços e as pernas dele com habilidade peculiar, fazendo os cortes rentes às articulações. Os membros foram acondicionados em dois sacos plásticos e o tronco em outra embalagem. A cabeça de Joelson e as falanges de todos os dedos das mãos foram levadas pelos homicidas, enroladas em um lençol, provavelmente para dificultar a identificação da vítima. O apartamento 403 foi lavado pelos criminosos para esconder a grande quantidade de sangue resultante da operação macabra.

Quando o relógio apontou 0h45, a mulher pediu a conta na portaria do motel e solicitou aos funcionários que acordassem seu companheiro de quarto pela manhã, pois ele estava dormindo e iria trabalhar. Depois de pagar, ela partiu em um táxi junto com o homem que entrou no apartamento 405. Às 7h, o telefone do quarto 403 tocou, sem que ninguém atendesse. Ao fim do pernoite, às 10h de segunda-feira, uma camareira foi até o quarto para fazer a limpeza e encontrou os três sacos plásticos pretos com o corpo esquartejado de Joelson. Desde então a Divisão de Homicídios da Polícia Civil investiga o caso para prender os assassinos.


NoTapajos



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2 comentários:

  1. Jorge, sei que não tem nada à ver com o caso, mas olha que absurdo:




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    Testemunha em programa de proteção sofre atentado em MG
    14 de julho de 2011 • 09h52 • atualizado às 09h55

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    Vivendo com a família em Lima Duarte, cidade de Minas Gerais, um homem que figura como testemunha da atuação de milicianos em Campo Grande, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro, foi localizado por criminosos na noite da última terça-feira e sofreu um atentado a tiros, mas conseguiu escapar. Sua mulher, no entanto, foi espancada.

    Vicente delatou os criminosos que agiam em Campo Grande e foram responsáveis por matar sete pessoas na Favela do Barbante, em Inhoaíba, em agosto de 2008. Temendo represália, ele, a mulher e filhos foram incluídos no programa de proteção à testemunha. Como os bandidos conseguiram encontrar seu paradeiro, outros parentes da família resgataram o casal em Minas Gerais e revolveram procurar outro endereço para morar por conta própria.

    A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) entrou no caso e quer informações do Estado para tentar saber como informações sobre as testemunhas vazaram.

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  2. Jorge, é numa hora dessa que penso
    que seria bom implantar a pena de morte neste País. Num caso desse de furto e homicídio, esses com certeza mereciam a pena de morte e não morar de graça nos presídios brasileiros passarem pouco tempo de cadeia e depois ganharem as ruas; é mole?
    edna Brazil.

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