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Já fazia tempo que eu não via traficante armado na minha frente...
Ainda pouco vi...
Levei passageiro no final da Tijuquinha, no condomínio Quintas do sei lá o quê e três sujeitos negros fizeram sinal quando eu retornava...
Como odeio ficar me remoendo em dúvidas achei preconceito idiota não parar...
Me ferrei, os três estavam bêbados e com vontade de exercitar prepotência!
Disseram o destino (Muzema) que eu não conhecia...
Até mesmo eles ficaram espantados em eu subir aquilo tudo sem reclamar...
É que...
Jamais imaginei que haveria uma favela com traficantes na Barra da Tijuca, já que toda circunferência é chefiada por milícias (ou 'melissa' como dizem os moradores) que só se interessam por gatonet, vans e botijão de gás; botando maconheiro prá ralar...
Quando eles sentiram que não teria mais como eu retornar da aventura, ficaram donos da situação...
A toda hora repetiam ´é nóis', 'é nóis' e mais 'é nóis'...
Eu já estava ficando se saco cheio com a tentativa de intimidação...
La no alto só passa um carro por vez e tive que dar várias ré para conseguir sair dali...
Tudo bem...
Me pagaram com uma nota de dez reais rasgada ao meio e se esbaldavam de rir com o que poderia ser meu medo em estar no meio de uma favela com traficantes observando a cena dos manés...
Têm horas que a coisa bate no teto...
Camarada que sacaneia taxista que sobe favela para levar morador é um mané...
Nem traficante ou milícia aprova um bagulho destes...
Na minha idade esvai todos meus medos e dúvidas...
Por via das dúvidas não faço mais caridade...
Esgotei minha cota Madre Teresa de Calcutá!
Tô de saco cheio!
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Jorge Schweitzer
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