quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Mauro Hoffmann, 47 anos, o Maurinho, sócio majoritário da boate Kiss de Santa Maria RS





Humberto Trezzi 
humberto.trezzi@zerohora.com.br 

Foi quando estava em Portugal, no final dos anos 1980, que Mauro Hoffmann provou absinto, a mítica e fortíssima bebida conhecida pelos adeptos como Diabo Verde. 

Adorou o charme da palavra e decidiu: um dia usaria esse nome para algum empreendimento. 

Anos depois fundou a Absinto Hall, a danceteria mais badalada da sua terra natal, Santa Maria. 

 Mauro, 47 anos, o Maurinho (como é conhecido), sócio majoritário da Kiss — a boate que incendiou domingo, matando pelo menos 235 pessoas — já nasceu bem de vida. 

Filho de um médico, criou-se entre colégios particulares e fazendas da região central do Estado. 

Trocava a noite pelo dia desde a adolescência, em farras com amigos. 

Cursou Administração de Empresas na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e, assim que se formou, no início da década de 80, foi viver em São Paulo. 

Permaneceu por um ano na capital paulista, onde trabalhou na Hering fabril. 

De lá seguiu para Lisboa, onde também viveu por um ano, peregrinando em mochilagens pela Europa. 

De volta a Santa Maria, em 1989, abriu o bar Grafiku’s, que logo fez fama na noite. 

Era ponto de encontro para a galera que iria depois dançar na Expresso 362, uma das mais famosas boates da cidade. 

Maurinho cresceu o olho e decidiu se aliar, de alguma forma, à danceteria. 

— O Maurinho era meu amigo de infância, de bebedeira, de noitada – recorda Luiz Tronco, que era dono da Expresso 362 no início dos anos 90. 

Bar se transformou em boate da moda Maurinho, 20 anos depois, propôs sociedade com outro conhecido da noite, Elissandro Spohr, o Kiko. 

Os dois se tornariam donos da Kiss, a boate que se incendiou no último domingo — embora só Kiko trabalhasse lá. 

Maurinho apenas entrava com parte do dinheiro, conforme ele próprio declarou à Polícia Civil. 

Em mais de duas décadas, Maurinho só teve uma breve interrupção na carreira de dono da noite santa-mariense. 

Em 1996, começou a trabalhar com raspadinhas e loterias instantâneas. 

Desistiu da ideia quando foi registrada contra ele ocorrência por estelionato. 

O presidente do Hospital da Caridade São Roque, de Faxinal do Soturno, denunciou que ele estava vendendo uma raspadinha em nome do hospital, sem autorização. 

Maurinho teria declarado a eles que “precisava de dinheiro”. 

O advogado criminal de Maurinho, Mário Cipriani, diz que não consta condenação nesse processo:

— É provável que tenha ocorrido uma transação penal (acordo com as partes), com suspensão do processo. Como é antigo, não consegui verificar o resultado agora.  

De forma paralela à Bus Club, manteve outras casas, como a Grecos. 

Fundou depois a Cervejaria Floriano e, enfim, seu maior sucesso, o Absinto, que começou como um bar na Rua Coronel Niederauer e depois se mudou para o Monet Plaza Shopping, virando boate. 

Maurinho ainda criou no início dos anos 2000 o Absinto Arena, que recebia grandes shows, mas fechou. 

As últimas queixas contra Maurinho na esfera policial se referem ao Absinto Hall. 

São clientes que dizem terem sido constrangidos e ameaçados pelo próprio Mauro, ao questionarem a conta do bar. 

Após ser preso, na última segunda-feira, Maurinho declarou que nada sabia sobre o incêndio. 

Disse que a Kiss era administrada pelo sócio dele, Kiko. 

Que as bandas eram contratadas por ele e a segurança contra incêndios, também. “O Kiko é que sabe dessas coisas”, esquivou-se o Rei da Noite.





Um comentário:

  1. fico pensado,será que estes caras são realmente os donos desta boate, ou seriam laranjas ?

    o lugar era só boate mesmo,ou servia de fachada para outros negócios ? se investigassem fundo a fundo.

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