sábado, 26 de janeiro de 2013

Academia é coisa de viado






Cidadão firme não frequenta academia...

Homem não usa bermuda leg estaqueada na bunda...

Ficar olhando os próprios glúteos no espelho da academia não condiz com postura de um pai de família...

Sentar numa bicicleta e pedalar 30 km sem sair do lugar é coisa de fresco...

Fazer spinning subindo e descendo montanhas disputando com o amigo ao lado para ganhar massa tem todo projeto dos dois acabarem na mesma banheira...

E, luta?

Como dizia meu avô Aprígio: brincadeira de mão acaba sempre em rompimento de rego...

Não era exatamente esta a palavra final da frase do velho, mas não vou cometer a barbaridade reproduzindo a única sílaba...

Mas, esta coisa de zoar adeptos de exercícios físicos certa vez quase me custou a vida...

Eu estava no pé sujo do Seu Antônio  na Rua Barata Ribeiro divagando sobre como luta livre parece com entrevero de homossexuais...

Existem golpes que parecem 69 com um cheirando o fundilho do outro...

Enquanto eu falava senti que a fisionomia dos meus ouvintes iam modificando...

No primeiro momento achei que finalmente havia conseguido captar atenção de uma cambada inteira de bêbados o que é uma tarefa deveras difícil pelo travamento cerebral que embota a mente com  álcool, salaminho, ovo fedorento e azeitonas vencidas...

Me empolguei e finalizei batendo com a palma da mão no balcão:

- Tudo viado! Homem que fica se roçando no outro em tatame fingindo que aquilo é jiu-jitsu quer mesmo  é disponibilizar o forévis...

Um dos meus ouvintes além de cara de espanto balançava os braços de forma incompreensível que acreditei que algum transe com minha exposição certeira como palestrante de boteco...

Não era...

Ele tentava avisar que exatamente atrás de mim estava um  sujeito de dois metros de altura, com camiseta mamãe sou forte, tatuagens, orelha de repolho e bufando de ódio...

Ao me virar para conferir foi um silêncio sepulcral no ambiente...

Só se escutava o ventilador, os carros lá fora e tum tum do meu coração...

Sabem aqueles momentos que você gostaria de se transformar em invisível e sair fora, então?!

Fingi que não havia dito nada e pedi mais um chope...

Acredito que o sujeito deva ter imaginado que eu era traficante internacional de armas e poderia ter umas cinco Ak-47 em casa para ter tanto atrevimento...

Pior que quando a gente passa um pelo outro na rua ambos ficamos com medo...

Eu com medo de tomar uma porrada...

Ele com medo de um hipotético tiro de canhão...

E vida que segue...




Jorge Schweitzer





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