domingo, 19 de agosto de 2012

Elizeu Santos Trigueiro da Silva, de 15 anos, morto no Arará









Extra Online


O medo fez com que a Aurea Cristina da Silva Santos, de 40 anos, mãe do adolescente morto na noite de sexta-feira em operação do Bope, na Favela do Arará, em Benfica, não dormisse em casa. Da janela de seu apartamento, ela presenciou a assassinato do filho, Elizeu Santos Trigueiro da Silva, de 15 anos.

Mais de 30 horas após o assassinato, ela voltou ao local do crime e decidiu tomar uma atitude. Cansada de esperar pela perícia, que diz não ter sido feita, Aurea lavou a marca da poça de sangue que permanecia na calçada em frente ao prédio, antes de seguir para o sepultamento do filho, na manhã deste domingo, no cemitério do Caju:

— Nem dormi em casa, com medo que eles voltassem. Eu não vi quem foi, mas sei que é polícia ruim, porque fizeram uma crueldade dessa na minha frente. — disse Aurea na manhã de domingo, antes de se encaminhar ao enterro de seu filho.

O crime ocorreu quando Aurea jogou as chaves de casa para Elizeu, que estava na rua, entrar. O adolescente foi atingido por tiros quando se abaixou para pegar o objeto no chão. Após o assassinato, as chaves não foram encontradas.

Aurea Santos, que morava há cinco anos no local com Elizeu e outros dois filhos adolescentes, Jonatas, de 17 anos, e Raquel, de 13, disse que vai sair do Arará.


— Cheguei de manhã cedo e lavei. Fico olhando daqui (da janela) e lembrando, aí decidi lavar tudo. Ainda não vieram fazer a perícia, falaram que iam vir e não vieram. Se aparecerem, vão ver buraco de bala, mas sangue não tem mais, não — descreve Aurea Santos, que completa: — Tem muito buraco de bala. Eu não consegui descer para ver meu filho porque eles não deixaram ver, atirararm no prédio. Achei que se eu descesse também iam me matar.

A dona de casa não foi procurada por nenhum órgão público para receber algum tipo de assistência:

— Queria velório, mas só deu para meu ex-marido pagar o enterro. Ninguém me procurou para dar assistência. Queria pelo menos que viessem para eu dar um enterro digno, um velório para ver ele mais um pouquinho. Mas vai ser direto o enterro.

Indignada com a morte de Elizeu, ela pretende processar o Estado:

— Mataram o meu filho na minha frente, sem piedade. Não vou processar a polícia porque eu não vi a cara deles, mas vou processar o Estado.

"Mataram o meu filho na minha frente, sem piedade", diz Aurea Santos

O Bope informou que Elizeu foi encontrado ferido numa das vielas da comunidade e socorrido pelos policiais que o levaram ao Hospital Geral de Bonsucesso, onde morreu. O batalhão informou que abriu uma investigação para apurar as circunstâncias da operação.

A Polícia Civil declarou, em nota, que “questões de segurança” e a retirada do garoto do local impediram a perícia. As armas usadas na operação foram apreendidas e serão examinadas pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE). Após a ação, os policiais do Bope prestaram depoimentos. A investigação foi encaminhada para a Divisão de Homicídios (DH).




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