segunda-feira, 25 de abril de 2016

Luciano Justo,empresário de Birigui SP, deixou o Brasil após se envolver em morte de idoso em Araçatuba, segundo PF




Empresário envolvido em batida saiu do país após prisão decretada, diz PF
Documento da Polícia Federal mostra que ele viajou no dia 16 de março.
Ele dirigia Mustang em alta velocidade em Araçatuba (SP).


Do G1 Rio Preto e Araçatuba



Um documento inédito da Polícia Federal (PF) mostra que o empresário de Birigui (SP) Luciano Justo, acusado de provocar um acidente que matou um idoso em Araçatuba (SP) no dia 12 de março, saiu do país, depois de ter a prisão decretada.

Segundo a polícia, no dia do acidente ele estava em alta velocidade e embriagado na avenida Brasília, quando bateu no carro do comerciante Alcides José Domingues, de 69 anos, que voltava da igreja e morreu na hora.

Em nota, os advogados de defesa de Luciano afirmam “que não deixou o país desde o dia do acidente e sua prisão preventiva foi revogada, porque ilegal, pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, sendo certo que sempre esteve e sempre estará à disposição da Justiça, tanto que compareceu ao fórum e também à delegacia de polícia todas as vezes que foi intimado”.

A nota diz ainda que “Luciano lamenta profundamente o terrível acidente e deixa claro que nunca teve a intenção de matar a vítima. Nem por um segundo cogitou que, em razão da sua imprudência, alguém pudesse vir a falecer”.

O documento da PF mostra que ele viajou no dia 16 de março, em um avião particular apenas com o RG, sem passaporte. A entrada dessa maneira só é permitida em países do Mercosul. O documento não fala para que país ele foi.

Segundo o documento da Polícia Federal, Justo saiu do Brasil no dia 16 de março (quatro dias após o acidente) do aeroporto de Guarulhos em um voo não regular. No dia 21 de março, segundo o documento, foi protocolada uma ordem judicial determinando a suspensão da validade do passaporte de Justo. A Polícia Federal diz ainda que o mandado de prisão em desfavor do indiciado foi adicionado no banco de procurados e impedidos no dia 15 de março.

Por quase duas semanas, Luciano foi considerado foragido pela Justiça e só apareceu depois que o Tribunal de Justiça revogou o decreto de prisão. O inquérito da polícia está com o Ministério Púbico que deve apresentar a denúncia à Justiça.

No dia do acidente, Luciano chegou a ser preso, mas pagou R$ 17 mil de fiança e foi liberado horas depois da batida. Ele se negou a fazer o teste do bafômetro e exame de sangue. A polícia entendeu que o homicídio foi sem intenção de matar. Mas o Ministério Público mudou para homicídio com dolo eventual, quando o motorista assume o risco de matar, por isso o promotor pediu a prisão preventiva dele. Para o promotor Adelmo Pinho o empresário assumiu o risco ao dirigir em alta velocidade. "Ele tinha plena consciência de que poderia matar alguém e poderia ter matado outras pessoas, além desta vítima", afirma.

A perícia comprovou que a velocidade do carro estava entre 140 km/h e 150 km/h. Imagens do circuito interno de um bar mostram que Luciano passou a tarde do dia 12 de março bebendo com amigos. A conta ficou em R$ 524. Em seis horas, foram 56 chopes e três cervejas. "Funcionários disseram que ele saía, ia dar uma volta com o veículo com os amigos, em alta velocidade, e retornava para ingerir bebida alcoólica", afirma o delegado do caso, Mauro Gabriel.

Ele tinha plena consciência de que poderia matar alguém
Adelmo Pinho, promotor


Em depoimento, o empresário permaneceu calado. Durante as investigações, a polícia descobriu ainda que o carro do empresário era equipado com um dispositivo para aumentar a potência do motor.

Um teste feito com um Mustang idêntico ao de Luciano para uma reportagem do Fantástico mostra que em quatro segundos o carro atinge 100 km/h. O piloto breca em 150 km/h, velocidade em que Luciano estaria no dia do acidente. O carro só para depois de percorrer quase 100 metros. O piloto fala que a 150 km/h é impraticável sair de uma situação de emergência no trânsito.

O filho do comerciante, Rodrigo Garcia, acredita que haverá Justiça para o caso. "Meu pai não vai voltar, mas a gente gostaria e acredita muito que vai ocorrer realmente Justiça nesta situação."


Entenda o caso

A batida entre o Mustang e o carro do idoso foi na tarde do dia 12 de março. Imagens do circuito de segurança de um posto de combustíveis flagrou o momento da batida. O carro esportivo do empresário atingiu o do comerciante Alcides José Domingues, de 69 anos, que cruzava a avenida.

O empresário foi indiciado por homicídio qualificado por estar em alta velocidade, ter colocado a vida de outras pessoas em risco e também por não ter dado chance para a vítima reagir. A polícia terminou o inquérito na segunda-feira (18) e, segundo a investigação, além de dirigir em alta velocidade em uma avenida, Luciano estava bêbado na hora da batida. O inquérito tem mais de 700 páginas e o depoimento de 50 pessoas.

“A conduta do motorista ficou bem demonstrada logo depois da morte da vítima em que, segundo relato das testemunhas, a preocupação com o empresário foi com o bem material, e não em saber do estado de saúde da vítima”, afirma o delegado Mauro Gabriel. Luciano foi chamado para prestar depoimento, mas por orientação do advogado ficou em silêncio.


Adulteração de provas

Ainda segundo as investigações da polícia, o equipamento que dá potência ao motor foi retirado do Mustang por parentes e amigos de Luciano na mesma noite do acidente. Um funcionário responsável pelo pátio, onde estava o carro, teria facilitado a entrada dessas pessoas para retirar o aparelho. Segundo a polícia, todos estão sendo investigados.


O acidente

O acidente grave envolvendo o Mustang em uma das principais avenidas de Araçatuba aconteceu no dia 12. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, dois carros se envolveram na batida.

De acordo com os bombeiros, a vítima atravessou a avenida e o Mustang atingiu o carro dela. A avenida precisou ser fechada nos dois sentidos por causa do acidente. Segundo a polícia, o Mustang depois bateu em um poste. Além de Luciano, um amigo dele estava no carro.  Alcides, que estava sozinho no carro, ficou preso às ferragens e morreu no local.







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