sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Depois do Batmasterson vem o Bonanza








Fui criado acreditando numa máxima recitada cansativamente...

Por minha avó com cabelo em coque e seus mágicos olhos negros...

Apontados acima dos óculos de grau ao parar seu crochê:

- Depois da chuva vem a bonança...

Sempre retrucava, sempre...

Numa época em que contrariar adulto penitenciado com pimenta bezuntada na língua e vara de marmelo:

- Errado, vó: depois do Batmasterson é que vem o Bonanza...

Ambas lógicas eram corretíssimas...

A TV redonda deslizava em preto e branco...

Acima de móveis pés palito ao lado da cristaleira...

Coberta em dias dos clarões dos relâmpagos...

“Santa Bárbara, São Jerônimo”...

A natureza percorria imponente caminho idêntico de quatro estações distintas...

Tsunâmi era palavrão somente conhecido por tribos aborígenes que narravam lendas sobre imensos deuses devastadores...

Que brotavam ao fundo dos oceanos a engolir a Terra...

Pôs bueno...

Ontem...

Depois de várias semanas de chuvas no Rio de Janeiro veio o sol tímido como uma bonança sem direito a arco íris como antigamente...

Resolvi levar minhas roupas a uma lavanderia da Buarque de Macedo...

E, ficar ao lado daquelas máquinas automáticas cansativas...

Aguardando o tempo passar lento do rodar interminável de lavagem e secagem...

A folhear páginas antigas rasgadas destes consultórios de espera que não voltam mais...

Encontrei Hortencia na Playboy...

Encontrei Hebe de biquini na Caras...

Depois da tempestade vem o fim de tudo...



Jorge Schweitzer




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2 comentários:

  1. Jorge,
    Só vc pra me fazer rir nestes dias...
    Mãe

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  2. Ela foi absorvida de que? De dar o
    dinheiro da mega-sena que o velho,
    alejado e tolo ganhou?
    Basta de
    Restrições
    Andemos
    Sem
    Isto,
    Lei!
    Edna Brazil.

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