segunda-feira, 6 de junho de 2011

Metalúrgico Alessandro da Conceição Sousa é morto com cinco tiros pelo policial do Gate Eric da Silva Moura, em briga de trânsito em SP

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Kleber Tomaz e Paulo Toledo Piza
Do G1 SP


Hoje você vai morrer, desgraçado!”. Segundo Caroline Villadal Monteiro, de 19 anos, essa foi a frase que o soldado do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da Polícia Militar gritou para seu marido, Alessandro da Conceição Sousa, de 23 anos, antes de apertar o gatilho da pistola .40 que usava e efetuar vários disparos contra o metalúrgico após uma discussão de trânsito ocorrida na madrugada deste domingo (5), na Zona Sul de São Paulo. A vítima dirigia um Gol e o agressor, um Logan.

O homem morreu na hora. Na cabeça havia perfurações de balas. A mulher dele tentou fugir e foi baleada na coxa direita pelo policial militar, que pertence a um grupamento de elite da PM, reconhecido pela eficiência da técnica de tiro. O disparo atingiu o fêmur da feirante, que passou por cirurgia e não corre mais risco de morte. O PM disse que Alessandro estava armado e trocou tiros com ele (leia abaixo).

Caroline contou ao G1 que só soube da morte do marido, e que o agressor do casal era um policial militar, na noite de domingo, quando estava se recuperando da operação no quarto do Hospital Geral de Pedreira, também na Zona Sul, onde ela está internada.


A viúva conversou nesta segunda-feira (6) sobre o crime e chorou ao dizer que não poderá ir ao enterro de Alessandro, que deverá ocorrer nesta tarde porque terá de ser submetida a uma nova cirurgia na perna. Casados havia cinco anos, eles planejavam comprar uma casa própria. O filho deles, Lucas, de dois anos, não para de perguntar pelo pai.

“Me digam por favor, como vou falar para o Luquinha que o Xando morreu? Como explicar isso para uma criança?”, indagou Caroline, que ficou indignada com a versão apresentada pelo soldado à Polícia Civil.

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O policial militar havia dito no 98º Distrito Policial, no Jardim Miriam, onde o caso foi registrado, que o casal bateu na traseira de seu carro na Rua das Pirajubas, no Jardim Santa Terezinha, para tentar assaltá-lo. No seu depoimento, ele contou também que Alessandro estava armado e que após troca de tiros, o baleou e matou. O policial ainda afirmou que um outro homem armado que estava no carro da feirante e do metalúrgico fugiu após o tiroteio.

Apesar da versão do soldado do Gate ser diferente da dada por Caroline, o delegado Leonardo Mendonça, do 98º Distrito Policial, no Jardim Miriam, não acreditou na versão dele e decidiu prendê-lo e indiciá-lo por homicídio e tentativa de assassinato. A arma do policial foi apreendida. Ele foi levado ao Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo, no domingo.

“Houve ataque, não legítima defesa’, disse o delegado Mendonça, ao explicar que o soldado não foi ferido e nenhuma arma foi encontrada com o casal.

“Esse policial estava totalmente alterado. Estava embriagado e disposto a matar meu marido e me ferir”, disse Caroline.

Segundo a feirante, será difícil esquecer a última madrugada de domingo, quando ela e o marido haviam acabado de sair de um restaurante, onde foi jantar com um outro casal de amigos. “Querem saber o que aconteceu de verdade? Eu conto...”, disse ela.

Leia abaixo o relato de Caroline:
“Saíamos do restaurante e fomos por uma rua quando o carro desse assassino ficou de frente com o nosso. Meu marido deu farol alto para ele sair da frente porque ele não deixava a gente passar. Ele então apontou a arma de dentro do veículo e em seguida saiu. Meu marido também saiu e foi falar com ele. O policial estava alterado e pegou o Alessandro pelo pescoço e apontou a arma na cabeça dele. Meu marido falou que não precisava daquilo, falou que era pai de família e mostrou a tatuagem com o nome do nosso filho no braço. Falou ainda que era trabalhador. Foi quando esse homem voltou para o carro e saiu. Meu marido seguiu atrás e quando tentava ver a placa dele para anotá-la, ele freou bruscamente e batemos na traseira desse cara. Ele saiu do carro, meu marido também e partiu para cima dele gritando: ‘Hoje você vai morrer, desgraçado!’. Em nenhum momento ele se identificou como policial. Ele deu vários tiros nele e depois atirou em mim quando eu tentava fugir. Ele é um mentiroso, desequilibrado que não merece vestir a farda da Polícia Militar e andar armado por aí. Eu quero que ele fique muito tempo na cadeia.”


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