quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Suor, pó e ferro






Depois de morto aos 55 anos de idade El Cid foi posicionado sobre seu cavalo para afugentar inimigos com sua figura de aspecto terrível atravessando prováveis virtuais campos, aldeias, fortalezas e castelos... 

Até seu  cenográfico cadáver amarrado na cela chegar a seu destino final onde foi sepultado após cumprir a missão... 

Seus feitos foram mais cantados em versos do que improvável que ele tenha sacramentado em vida... 

A lembrança do guerreiro El Cid e sua bravura talvez de mentira se tornaram a semente alimentando uma nova história como num rastro sob o sol cego com seu corpo espantalho coberto de suor, pó e ferro... 

Engraçado, nenhum de nós tem medo da morte... 

Tememos não realizar algo como nossa marca definitiva... 

Não queremos ir embora sem ver o final de todas nossas histórias... 

 Se algo me acontecer, por favor... 

Me amarrem espectro num carrinho de super mercado com um fuzil no colo e meu dedo indicador enfaixado por esparadrapo no gatilho e deslizem pela Avenida Antonio Carlos... 

Pra lá e pra cá... 

Vai ser um tal de sujeito falso andaluz  sair borrado pela rua  que vou te contar...

Agora, se pingarem duas gotas de álcool no meu ouvido surdo e balançarem o féretro melhor sair de perto...

Hein?!  



Jorge Schweitzer






Nenhum comentário:

Postar um comentário