Neurocirurgião Francisco Doutel Andrade que dava plantões no lugar de Adão Orlando Crespo Gonçalves é indiciado por estelionato e falsidade ideológica

Médico confirma que dava plantões no Salgado Filho no lugar de Adão Crespo 

POR MARIA INEZ MAGALHAES 

Rio - O neurocirurgião Francisco Doutel Andrade foi indiciado por falsidade ideológica e estelionato contra a administração pública pela Delegacia Fazendária da Polícia Civil (Delfaz). Em depoimento dado nesta quinta-feira na especializada, ele admitiu que dava plantão no Hospital Salgado Filho, no Méier, Zona Norte do Rio, em substituição ao médico Adão Orlando Crespo Gonçalves, e que recebia o salário do médico, em torno de R$ 4,5 mil 

Escalado para trabalhar na noite de 24 de dezembro, Adão faltou o plantão. 

Na ocasião, Adrielly Santos, de 10 anos, chegou com um tiro na cabeça e teve que esperar oito horas para ser atendida porque não havia médico. 

Crespo foi indiciado por omissão de socorro, falsidade ideológica e estelionato contra a administração pública. 

O médico estava sendo esperado na Delegacia hoje, mas não compareceu para prestar depoimento. 

A delegada da especializada, Izabela Rodrigues Santoni, disse que vai remarcar a data. 

Também prestou depoimento hoje o neurocirurgião Carlos Augusto Borges. 

O médico era escalado para trabalhar com Adão e contou que dava plantão sozinho quando Doutel, que atuava no lugar de Adão, não ia ao hospital. 

"Ele se arriscou trabalhando sozinho e contou até que operava com a ajuda de residentes. Como ele fazia parte da escala com Adão, não vejo nenhuma conduta ilegal dele. Mas estou analisando a situação de todos os envolvidos no caso”, contou a delegada da Delfaz, Izabela, que vai ouvir ainda outros médicos e diretores do Salgado Filho. 

Neurocirurgião não ia ao hospital há 5 anos 

A Polícia Civil constatou na última a sexta-feira que o neurocirurgião Adão Crespo não comparecia ao trabalho no hospital Salgado Filho há cinco anos, mas continuava recebendo salário. 

Crespo estava na escala de plantão da noite de Natal, em que a menina Adrielly foi baleada. 

A Secretaria de Saúde do Rio afastou preventivamente o chefe de plantão do Hospital Salgado Filho, Enio Lopes, e o chefe do departamento de recursos humanos, Alexandre Carvalho. 

Enio Lopes era o chefe do Plantão na noite de Natal.