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Um livro aberto ao colo...
Uma luz, como holofote, iluminando seus cabelos molhados...
Pego uma folha sob a impressora...
Escrevo...
Ela pergunta o quê...
- Política!
Fico a observá-la...
Escrevo...
Escrevo...
Tento ir até seu computador sem que ela perceba...
Sento...
Ela me surpreende e senta na minha perna...
Pega o rascunho e lê em silêncio...
Um abraço longo...
Um beijo com gosto de lágrima...
Lê em voz alta, entre risos e soluços, de braços abertos e passos de bailarina numa encenação engraçada...
Dobra a folha em quatro...
Me faz jurar que não irei publicar...
Não quer dividí-lo...
Eu nem achava isto tudo, mas na sua voz nem parecia que eu tivesse capacidade de narrar daquela forma...
Só posso dizer que chama-se "O Sopro de Deus"...
Ao contemplar uma mulher sentada, num canto da sala à meia luz, com seus cabelos escorridos numa miragem dos deuses...
Jorge Schweitzer
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