domingo, 2 de setembro de 2012

O Sopro de Deus




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Uma moça no canto da sala escura...

Um livro aberto ao colo...

Uma luz, como holofote, iluminando seus cabelos molhados...

Pego uma folha sob a impressora...

Escrevo...

Ela pergunta o quê...

- Política!

Fico a observá-la...

Escrevo...

Escrevo...

Tento ir até seu computador sem que ela perceba...

Sento...

Ela me surpreende e senta na minha perna...

Pega o rascunho e lê em silêncio...

Um abraço longo...

Um beijo com gosto de lágrima...

Lê em voz alta, entre risos e soluços, de braços abertos e passos de bailarina numa encenação engraçada...

Dobra a folha em quatro...

Me faz jurar que não irei publicar...

Não quer dividí-lo...

Eu nem achava isto tudo, mas na sua voz nem parecia que eu tivesse capacidade de narrar daquela forma...

Só posso dizer que chama-se "O Sopro de Deus"...

Ao contemplar uma mulher sentada, num canto da sala à meia luz, com seus cabelos escorridos numa miragem dos deuses...



Jorge Schweitzer







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