terça-feira, 18 de setembro de 2012

A Lógica Canção





Segunda feira...

17 de setembro de 2012...

13 horas. 30 minutos...

Entro na Aristides Lobo irritado fugindo do engarrafamento da Paulo de Frontin...

Havia acabado de fazer percurso com uma moça com dois filhos pequenos que prometi desconto ao ela lamuriar que seu carro foi danificado na garagem...

O carro da tal moça foi deixado para o porteiro lavar e apareceu com o para brisa quebrado...

Aconselhei que seguros cobrem ou o próprio condomínio se encarrega...

- Meu marido vai me colocar a culpa...

- Esquenta não, vai que seu anjo da guarda que evitou sair de casa dirigindo...

Saiu de casa com pouco dinheiro e atrasada...

Deixamos o menino de cinco anos de idade no GPI da Ibituruna da Praça da Bandeira...

Foi contando o dinheiro...

Com minha espalmada alma falsa cristã samaritana afirmei que nem se preocupasse com...

Seguimos...

A menina de quatro anos frequenta o Carrescia da Barão de Itapagipe...

Ainda não tem idade para o GPI...

Aceitei doze reais pelo tour...

Era tudo que tinha...

Ah, sim...

Uma senhora idosa e uma moça fazem sinal em frente a um super mercado na frente da entrada do Fogueteiro...

Hum, só me falta subir morro depois de uma anterior roubada consentida...

A moça nova avisa a idosa que não necessita ter pressa...

Isto é muito chato...

Me aborrece...

Avisa que o destino é frente para Detran da João Paulo I...

Ué...

Ali não tem nada...

Ao chegar ao Estácio esgota minha pressão arterial...

- Moço, corta por aqui...

Um desvio ilegal evitando contornar a estação inteira do Metrô Estácio...

Minha cota da caixa mágica de bondades que odeio esgotar em curto tempo...

Escuto o Pânico na Rádio Jovem Pan e rio da palhaçada deles com pegadinha da virtual Rádio Litoral entrevistando o Giovani do vôlei para ignorá-las...

Pedem para que eu entre num Lava Jato mambembe antes do viaduto de acesso ao Rebouças...

Entro...

Puto!

Daí...

Então...

A senhora atrás me conta que acabou de sair do hospital...

Cortaram sua barriga e preferiram fechar...

Tomo um choque de realidade...

Ao manobrar dentro do estacionamento improvisado...

Um menino de uns três anos corre até a porta do carro...

Abraça a senhora com carinho que jamais vi:

- Vovó!

Encosta sua cabeça raspada no seu peito e cerra os olhos...

Parecia um quadro de Caravaggio...

Fico congelado pelo carinho...

Todos saem do pequeno barraco mal acabado para recepcioná-la....

Umas cinco pessoas, entre mulheres emocionadas mal vestidas com crianças em sua volta ou no colo...

Uma das crianças é negra de cabelos descoloridos...

Até mesmo um cachorro vira-latas preto que fico provocando de sacanagem com a porta do carona atiçando para que entre no carro....

Pensei em filmar para mostrar para vocês...

Não tive coragem de invadir tal privacidade da inundação do amor logical...

Vejam, vocês devem imaginar que minha nova crônica da emoção...

Que nada...

Tudo real...

Lembrei sobre ter e ser...

Demorei a sair dali...

Foi contagiante...

Poucas vezes assisti algo igual...

Na verdade...

Acho que nunca...




Jorge Schweitzer








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