terça-feira, 13 de dezembro de 2011

PM Harrison Pragana da Trindade, 32 anos, e Damião Eli da Conceição Gomes, 35, são presos sob suspeita do assassinato de Rosa da Cunha Viana, 79





Paolla Serra


Na madrugada de 10 de junho deste ano, dois homens jogaram na Rua Joaquim Murtinho, perto dos Arcos da Lapa, o corpo da portuguesa Rosa da Cunha Viana, de 79 anos. Agora, seis meses depois, a Polícia Civil garante ter desvendado o crime, uma história tortuosa como os trilhos do bonde de Santa Teresa sobre os quais a idosa foi abandonada. Uma trama que envolve ganância, traição, sexo, religião e um policial militar.

Nesta segunda-feira, policiais da 5ª DP (Mem de Sá) prenderam o cabo do Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (BPTur) Harrison Pragana da Trindade, de 32 anos, e o auxiliar de serviços gerais Damião Eli da Conceição Gomes, de 35 — que tinha um relacionamento estreito com PM. Eles são suspeitos de matar Rosa, fazer 13 saques com seu cartão de crédito, comprar eletrodomésticos em nome da vítima e, depois, jogar o corpo da portuguesa nos trilhos. No início de novembro, reportagem do EXTRA mostrou que a polícia buscava identificar os autores do assassinato.

De acordo com a polícia, Rosa teria conhecido Damião num centro espírita em Santa Teresa. Eles chegaram a conversar algumas vezes e ela disse ter "um problema na Justiça" com um sobrinho. Damião contou que o namorado era policial, e Rosa perguntou se ele não a ajudaria no caso.

Em 8 de junho, sob o pretexto de receber auxílios jurídicos e espirituais, Rosa foi ao apartamento de Damião, no Bairro de Fátima. A portuguesa saiu de casa, na Rua do Riachuelo, às 7h46m, como mostram imagens das câmeras de segurança do prédio.

A polícia ainda não sabe qual o trajeto feito por Rosa, mas o caminho entre o edifício onde morava a idosa e o prédio de Damião pode ser percorrido a pé em cerca de cinco minutos. O certo é que às 9h05m, menos de uma hora e meia após Rosa sair de casa, foi feito o primeiro saque com seu cartão. Nesse momento, ela já teria sido dopada, o que causou sua morte.

Saques, empréstimos e eletrodomésticos

Nas cerca de 40 horas entre Rosa sumir de casa e seu corpo aparecer, a dupla fez, segundo a polícia, sete saques de R$ 130, outros de R$ 910, R$ 520 e R$ 410, um empréstimo de R$ 5.510 e a compra de eletrodomésticos num shopping da Zona Sul. O carro de Harrison, um Meriva prata, foi flagrado por câmeras de segurança no Aterro, em direção à Zona Sul. É o mesmo veículo que aparece nas imagens divulgadas pelo EXTRA, em novembro, deixando o corpo da portuguesa, enrolado em cobertores, na rua.

O corpo da vítima tinha sinais de violência sexual. De acordo com um policial, a idosa teria dado dinheiro ao PM e a Damião em troca de favores sexuais. O delegado Alcides Alves Pereira, titular da 5ª DP, porém, não confirmou a informação.

— Ela (Rosa) foi vítima de um engodo com um suposto auxílio fraudulento. É o extremo da ganância e da maldade — resumiu.

O cabo Harrison está há oito anos na PM. Antes de ser lotado no BPTur, Harrison passou pelo 13º BPM (Praça Tiradentes). Foi patrulhando o Bairro de Fátima, segundo contou em seu depoimento à polícia, que conheceu Damião. O cabo — que está de licença após ter sido baleado num assalto na Taquara, em novembro de 2010 — negou ter um caso com o auxiliar de serviços gerais, mas afirmou saber que ele é homossexual. Contou também já ter ido à casa de Damião "pelo menos três vezes para beber água".

A assessoria de imprensa da PM informou que foi aberto um processo administrativo para apurar o caso, que pode levar à expulsão de Harrison da corporação. O cabo e Damião estão presos temporariamente por 30 dias e responderão por homicídio, estelionato e ocultação de cadáver.

Idade e solidão

Damião disse, em seu depoimento, que conheceu Harrison na rua, em 2009, "passando a manter relacionamento até a presente data". Ele alegou que, após ter recebido com Harrison a portuguesa, foi tomar banho e, ao voltar, Rosa já estava sonolenta. O policial, então, teria dito que "já estava com o cartão da dona Rosa e que iriam sair para fazer uso", já que a senha estava junto. Na volta, Rosa já estava morta.

A portuguesa estava radicada no Brasil há mais de 11 anos, e morava sozinha em um apartamento na Rua do Riachuelo. No mesmo prédio, a aposentada possuía outros três imóveis. No Bairro de Fátima, era dona de mais um imóvel. A idade e a solidão da aposentada, segundo a polícia, teriam facilitado a ação dos criminosos.

De acordo com o delegado Alcides Pereira — que contou com o auxílio da 7ª DP (Santa Teresa) na investigação — ainda há outros casos cometidos por Damião. Que pode, diz ele, ter sido ajudado por Harrison.


PS; Parabéns ao trabalho da Polícia... Sem alarde, pegaram os assassinos da portuguesa... JS







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