quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Djalma Beltrami é transferido para 'geladeira' - DGP - da PMERJ








Herculano Barreto Filho e Ana Cláudia Costa

No dia seguinte à libertação do coronel Djalma Beltrami, concedida pelo desembargador Paulo Rangel na noite de terça-feira, a Polícia Civil preferiu se calar.

Mesmo depois das duras críticas à prisão do comandante do 7º BPM (São Gonçalo), a Delegacia de Homicídios de Niterói continuou sem apresentar provas que comprovassem que o oficial recebia propina de traficantes do Morro da Coruja, em São Gonçalo.

Três dias depois da Operação Dezembro Negro, a lista dos policiais militares presos também não foi divulgada ainda.


O delegado Alan Luxardo, da DH de Niterói, responsável pela investigação de sete meses, também não se manifestou, apesar de ter sido criticado pelo desembargador.

"A autoridade policial, Dr. Alan Luxardo, vai à TV e diz que existem outras provas contra o paciente. Ora, se existem provas elas devem ser trazidas aos autos da investigação", disse em um trecho do habeas corpus.


O desembargador também determinou que Martha Rocha, chefe de Polícia Civil, oriente os delegados a cumprir a lei da interceptação telefônica, que prevê que a autoridade policial transcreva os grampos e os encaminhe à Justiça.

A delegada não comentou a decisão judicial.


Nesta terça, o sentimento de Beltrami era de alívio (assista ao vídeo com a entrevista).

A reação das instituições envolvidas na polêmica, entretanto, foi oposta.

No dia seguinte à libertação do coronel, ninguém se manifestou.


Quem resolveu defender a instituição foi o presidente da Associação dos Delegados de Polícia (Adepol), Wladimir Reale.

Ele divulgou um comunicado contestando a opinião de Paulo Rangel — ao conceder o habeas corpus a Beltrami, o desembargador escreveu que "estão brincando de investigar". Na nota, Wladimir Reale classifica como "sério e responsável" o delegado Alan Luxardo, da Delegacia de Homicídios de Niterói.


Integrantes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, que também participaram da operação na qual Beltrami foi preso, disseram, por meio de sua assessoria, que agora não cabe discutir questões relacionadas a provas fora dos autos, e que vão esperar o relatório final de Alan Luxardo para se pronunciar.

Abraçado por um desconhecido

Depois de passar 44 horas preso, o coronel Djalma Beltrami deixou o QG da Polícia Militar pela porta da frente, na madrugada desta quarta-feira. Foram dois dias de pouco sono e sem se alimentar direito.

Com a voz rouca e os olhos vermelhos, o oficial deu lugar ao cidadão.


A farda de coronel ficou pendurada num cabide, no banco traseiro da viatura descaracterizada conduzida pelo seu motorista.

Beltrami usava sapato, calça jeans e camiseta.

Ao descer numa rua, no Centro do Rio, foi reconhecido por um morador, que o abraçou.

Beltrami se emocionou e não conteve as lágrimas.


— Uma pessoa que eu não conheço vem me dar um abraço... Porque sabe da minha conduta, deve ter me acompanhado de alguma maneira. É isso que me fortalece. Fisicamente, eu estou mal, mas espiritualmente isso me renova — desabafou.

Às 4h de quarta, Beltrami foi levado ao apartamento onde mora com a mulher, em São João de Meriti, na Baixada.

Reclamou da exposição, já que virou alvo de fotógrafos e cinegrafistas.

Mas ficou pouco tempo por lá.

Logo, voltou ao QG da PM. Só voltou para casa à noite.


No boletim interno da PM da noite desta quarta, foi publicada a transferência de Beltrami para a Diretoria Geral de Pessoal (DGP), a “geladeira” da corporação.

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