sábado, 13 de agosto de 2011

R7 faz matéria sobre Um Ano sem Joanna






“A sensação é que vou sofrer o resto da vida”,
diz mãe da menina Joanna após um ano

Pai e madrasta são acusados de torturar menina de cinco anos no Rio

Tainá Lara, do R7
13/08/

Cristiane conta que quando fecha os olhos ainda consegue ver o sorriso da filha.

No dia 13 de agosto de 2010, Cristiane Marcenal viveu o pior dia de sua vida. A filha de apenas cinco anos morria em consequência de procedimentos médicos errados e maus tratos. A menina Joanna Cardoso Marcenal Marins não resistiu a uma meningite, tinha marcas de queimaduras e hematomas pelo corpo.

Ela ficou 26 dias internada em coma e morreu após ser medicada por um falso médico, identificado como Alex Sandro da Cunha Silva. O advogado André Rodrigues Marins e Vanessa Maia Furtado, pai e madrasta da menina Joanna, são acusados de torturar a criança, que estava sob a guarda deles.

Um ano após a morte, a Justiça decidiu que a pediatra Sarita Fernandes e o estudante de medicina Alex Sandro da Cunha vão a júri popular. Já para Marins e Vanessa foi negado o pedido do Ministério Público.

Em uma entrevista exclusiva ao R7, Cristiane contou como está sua vida após a morte de Joanna. Casada, ela tem dois filhos de três anos, trabalha como médica e luta todos os dias para superar a dor da perda. Veja abaixo o depoimento emocionado da mãe no aniversário de morte da filha.

Um ano atrás

- Os dias de visitação eram intercalados, mas quando não podia ficar como mãe, acompanhava como médica. No dia 12 de agosto, era o meu dia. Eu me lembro que ela estava muito inchada. Parecia um balão inflado de tão inchada. Ela já estava com insuficiência renal. Joanna estava desfigurada. Há um ano eu estava vendo uma das piores cenas da minha vida, que era ela no hospital com aqueles tubos. Eu sabia como médica que ela não ia durar muito, que não passaria daquele dia.

Acostumando com ausência

- Desde a morte da Joanna estou vivendo assim, tentando me acostumar com a ausência. Não dá para ser diferente, não dá para achar que ela não existia. Quando coloco as crianças para dormir eu fico vagando pela casa, sentido aquele vazio. Sozinha eu só consigo pensar nisso. Já passou um ano, mas ainda é muito difícil. A sensação é que vou passar o resto da vida sofrendo. Parece que não vai acabar nunca. Eu queria encontrar o caminho mais fácil, mas descobri que não existe. Estava conversando com a mãe da menina Isabella Nardoni [morta ao cair da janela em São Paulo em 2008] e perguntei: como a gente consegue viver com isso? Ela me respondeu: "Cris, não consegue. A gente sobrevive".



Justiça

- Eu tinha uma esperança boba de que em um ano estaria tudo resolvido. Eu costumo dizer que quando você perde um filho, você o enterra e volta para casa para chorar. A Joanna eu não consegui enterrar; todo dia ela volta para minha vida. Eu preciso lidar sempre com uma “nova” morte dela. Não consigo acabar com esse sofrimento, lidar com o meu luto e tocar minha vida a diante. Achei uma alegação infeliz do juiz que decidiu por um julgamento simples para o pai e para madrasta. Ele disse que não houve crime contra a vida. Eu sei que eles lidam com a Justiça e com as leis, mas eles estão falando de um filho que ninguém vai substituir.

Mãe e filha

- Eu ainda sinto o cheiro da Joanninha, ouço a voz. Se eu fechar os olhos, consigo ver o sorriso dela me abraçando. Quando eu chegava em casa, ela fazia uma festa. Não importava se chegava do trabalho ou da padaria, ela me abraçava e me beijava, parecia que estava há meses sem me ver. Até hoje me pego pensando nisso tudo, mas quando abro a porta de casa e ela não está mais lá.

Irmãos

- A Catarina [filha de Cristiane] começou a chamar as bonecas de Joanna. Já o João Ricardo [filho de Cristiane] se tornou extremamente agressivo, mas a psicóloga me explicou que isso é normal. Ela disse que é o jeito dele de dizer que não gosta da situação, de ter perdido a irmã. Às vezes parece que eles têm impressão que a irmã vai voltar. Eu achei que para eles seria muito mais rápido se esquecer dela porque tinham apenas dois anos e meio quando tudo isso aconteceu. Mas eles não esquecem. Eu deixo as crianças pensarem que ela virou uma fada ou uma estrela. Quando tiverem entendimento e me perguntarem, eu quero sentar com eles e contar tudo o que aconteceu. Tenho medo de algum amiguinho da escola contar de uma maneira errada.




Datas especiais

- Eu estava com muito medo do dia do aniversário dela, no dia 20 de outubro. Não não sabia o que podia acontecer, tinha medo de ficar doida. Já no Dia das Mães, eu me reuní em família. Foi um dia muito solene, todos muito preocupados comigo. Nesse dia eu tentei não ficar chorando o tempo todo para não estragar a festa de ninguém. Tudo o que eu não queria era estragar o Dia das Mães de todo mundo. Agora está sendo muito difícil porque me dei conta que já se passou um ano. É muito tempo para viver sem uma filha. Eu me pergunto como eu conseguí sobreviver tanto tempo sem ela.

Volta ao trabalho

- Quando a Joanna estava no hospital, cheguei a pensar em não ser mais médica. Pensava que não teria coragem de continuar na profissão. Mas eu tenho vocação para isso, eu adoro atender gente. Eu só conseguí voltar ao trabalho em janeiro. Não tinha como tratar a dor dos outros antes, se a minha era a maior de todas. Agora os pacientes já sabem de toda a história, me dão muita força. Voltar ao trabalho está sendo uma grande terapia. Está me fazendo perceber que eu ainda tenho papel na vida.

Futuro

- Eu e Ricardo estamos casados há pouco tempo, nossos filhos só têm três anos. Estamos começando uma família. Eu não estou naquela fase onde os filhos estão criados e eu posso sentir a minha dor. Eu tenho que dar um jeito da minha família ser feliz!


http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/-a-sensacao-e-que-vou-sofrer-o-resto-da-vida-diz-mae-da-menina-joanna-apos-um-ano-20110813.html







4 comentários:

  1. Enquanto isso esse vagabundo do André (Malandro) Marins quando saiu
    de bangu 8 deu uma entrevista falando
    que a mãe de Joanna devia esquecer,
    ter mais filhos e continuar vivendo
    sua vida com a familia dela e que ele
    a perdoava porque ela vivia perseguindo ele. e ele se esqueceu da
    filha tão rápido e não derramou uma lágrima por ela; essa coisa não é pai
    nem aqui e nem na china é um (PAU) MANDADO das trevas e nós sabemos e as filhas deles um dia vão saber o que eles fizeram no inverno passado.

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  2. Sabe Jorge, embora voce diga que não acredita em Deus, eu entendo muito bem porque a Drª Cristiane se apega tanto a Deus. Também perdi um filho com 8 anos (não de forma violenta, mas perdi).Por tudo o que ela está passando, principalmente com o que a justiça está fazendo com ela, sinceramente se não acreditar que Deus existe e que um dia ELE fará justiça, se achar que a única justiça que existe é esta justiçazinha terrena de merda, a pessoa literalmente enlouquece. Já chorei muito hoje, vendo o teu blog e o da Joanna. Queria tanto estar aí, mas moro a mais de 700Km daí.

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  3. cristiane a sua dor tambem e nossa sempre me pergunto como um pai pode ter tanta maldade no coraçao que a justiça de deus seja feita

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  4. Só mesmo ELE, para dar forças a Cristiane, caso contrário, ela não aguentaria tanta saudade da nossa Joanninha, e muito menos as injustiças que estão cometendo com ela.

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