Porque odiamos o Big Brother da Globo

Posar de bocó intelectual de mentira a odiar o Big Brother da TV Globo é quase regra... 

Porém... 

Impossível ignorar o fascínio dos telespectadores pela vida alheia na tela da falsa realidade com bundas, bêbados e futricas... 

Confinamento gera ocultos seres que produz curiosidade de descobrir a reação... 

Algo que Hitchcock traduziu na sua Janela Indiscreta... 

O cidadão alçado ao conforto do sofá sem interação com a realidade que não pegando o telefone para votar em seu preferido do paredão independente das suas práticas imorais... 

Certa vez como convidado acidental sentei nervoso na frente de uma platéia com trezentos estudantes de jornalismo sem nenhum discurso preparado aguardando o que um taxista poderia ter a informar... 

Resolvi falar sobre o que universitários conhecem sobre simulacros e paixões... 

 Zoei Nietzsche e sua boboca paixão platônica por Lou Andreas-Salomé brincando com a lógica freudiana de tascar namorada alheia sem culpas... 

E... 

Falei sobre Second Life e do filósofo pós-moderno francês Jean Baudrillard que acabara de falecer na semana anterior e seus conceitos e reflexões sobre reality shows... 

Virou uma festa... 

Fui aplaudido de pé me sentindo um trouxa...

Nem me foi possível comentar a justiça distributiva e democrática do pensamento de Aristóteles... 

A ninguém interessa nada que não está na TV...

Ninguém permite que avancemos além do que preferem assistir... 




Jorge Schweitzer