terça-feira, 20 de novembro de 2012

Já é quase Natal

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Ainda conservo hábitos de menino...

Tenho o destemor de toda criança ou adolescente que se acha o Super ou Spider Man e que tudo de ruim e desastroso só acontece com o próximo...

Como a coragem é irmã gêmea do fraquejar...

Preservo medos de monstros imaginários que teimam habitar o vão abaixo da minha cama...

Por vezes eles arrojam espetar seus chifres pontudos e medonhos em meu colchão e me proporcionam madrugadas insones intermináveis todo coberto mesmo com um calor senegalêz...

Nas noites calmas em que eles vão atacar outras camas de tão medrosos quanto eu...

Programo meu sonhos antes de dormir...

Acreditem...

Coisa de criança sem nada na caixola...

Consigo imaginar no que vou sonhar e realizo...

Sonho seguidamente que sei voar...

Sobrevôo Copacabana inteira...

Até o Posto 6...

Passo sobre o Forte, sobre o Marimbás...

Divido espaço azul com gaivotas nervosas a mergulhar bicudas sobre barcos de pescadores com suas redes abarrotadas quase emborcando do lado esquerdo...

Dou rasante intrépido sobre as pedras do Arpoador...

Retorno flanando à Barata Ribeiro desviando dos semáforos suspensos abaixo...

Acordo...

Bebo uma água da moringa que conservo desde pequeno ao lado da cama, pôs no Rio Grande o frio desaconselhava levantar debaixo dos acolchoados pesados para saciar sedes noturnas além de correr risco de esbarrar no corredor com algum vulto de avô morto...

Volto a realidade da escuridão quente da cama...

Sonho nadar do Posto quatro até a África localizada na linha do horizonte...


Ou cavar até o Japão...

Já sonhei com todas as mulheres desejáveis e tive pesadelos com as restantes...

Em noite de Natal esses ímpetos selvagens naturais ficam aquietados...

Somente espero um singelo caminhãozinho de madeira tombadeira depositado ao lado do chinelo na noite de 24 para 25...

De preferência afastado dos monstros adormecidos abaixo do estrado...


Aguardarei que o vulto no quarto suma cerrando a porta encobrindo a luz do corredor que escurecerá como o sleep off zerado da TV...

Depois vou segurar, abaixo de minha oca de lençóis, entre os dentes minha lanterna do facho do celular enquanto desembrulho o presente que irá me acompanhar a cada segundo do ano que vem...







Jorge Schweitzer









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