MP flagra telefonema de Ivo Meirelles contando como liberou R$ 5 milhões
POR ADRIANA CRUZ
Rio - Enredo sobre o pagamento de propina a alto funcionário do Ministério da Cultura pelo presidente da Mangueira, Ivo Meirelles, será investigado pelo Ministério Público Federal.
Gravações telefônicas de novembro de 2011, autorizadas pela Justiça, flagraram conversa de Meirelles com o deputado estadual Chiquinho da Mangueira, do PMDB, sobre o esquema de corrupção para a liberação de verba para a escola montar o Carnaval de 2012, sobre os 50 anos do bloco Cacique de Ramos.
No diálogo, Meirelles revelou que um escritório de advocacia de São Paulo teria intermediado o pagamento da propina com o servidor da Cultura para "limpar" a falta de prestação de contas da escola e receber R$ 4.967.869,00.
O dinheiro foi liberado para a Mangueira em 5 de janeiro, como foi publicado no Diário Oficial da União, com base no Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac). Porém, o artigo 30, § 2º, da Lei 8.313/91, que rege o Pronac, determina que a existência de pendências ou irregularidades de candidatos aos projetos do Ministério da Cultura suspende a análise ou concessão de novos incentivos, até a regularização. Agora, o MP Federal vai investigar os crimes de fraude e corrupção por envolver um alto funcionário da Cultura, um órgão federal.
As gravações telefônicas fazem parte do inquérito 017/1045/2011, da 17ª DP (São Cristovão), que investiga o envolvimento de Meirelles com o tráfico de drogas e tramita na 39ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio.
Procurado nesta quarta-feira pelo DIA, o deputado Chiquinho da Mangueira informou que não lembrava de ter conversado sobre esquema de propina no ministério com Meirelles.
“Não lembro disso. Mas se o Ivo Meirelles falou, acho que o questionamento sobre isso deve ser feito a ele”, argumentou.
Até o fechamento desta edição, assessoria de imprensa de Meirelles não havia respondido sobre o assunto.
Acordo com tráfico na mira da polícia
Dores de cabeça com a polícia não faltam para Ivo Meirelles.
Ele foi indiciado pela Polícia Civil por associação para o tráfico, em abril.
Se condenado, pode pegar de três a dez anos de prisão, conforme O DIA publicou com exclusividade no mês passado.
A investigação começou a partir de denúncia de que Meirelles teria se aliado aos traficantes em troca de apoio político na agremiação.
Ele repassaria R$ 150 mil por mês para sustentar os criminosos, principalmente os que estavam presos.
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