segunda-feira, 4 de março de 2013

Fé Partida








Quero morrer na minha cama... 

Da doença de dores de amores que vier... 

Sou caboclo de todos sertões... 

Sou maragato de todos arrabaldes... 

Tenho precisão na prosa e filho piá para criar... 

Trabalho demais... 

Não leio a Bíblia... 

Quando leio não compreendo Deus... 

Nem no Velho nem no Novo Testamento... 

 É verdade, meu Senhor... 

Já morri diversas vezes... 

Muitas...

Já renasci outras tantas... 

Sem subir nenhum céu... 

A vida é assim... 

Cruel e linda... 

Experimentei todos cárceres... 

Desfrutei todas liberdades... 

Prisões e vôos livres... 

Fazer o quê?! 

Zimbora poeira... 

Jesus Cristo, Jesus Cristo, Jesus Cristo, ora véio,  eu estou aqui... 

Por quê não me vê Inri? 

Finjo lutas... 

Simulo paz... 

Feijão... 

Arroz...

Peixe... 

Fava... 

Farinha... 

Rapadura... 

Café na lata... 

Macaxeira... 

E alguma seleção brasileira... 

Tenho esperança... 

Lógico... 

Vou caminhando... 

A terra é sagrada e cria tudo... 

Jesus Cristo foi embora e deixou pastores para cuidar de nós... 

Sou o povo de Deus...

Soo a cruz e a espada... 

Dôo todos os dízimos obrigatórios que me furtam... 

Sou um louco anestesiado pela cachaça das ruas... 

Todos olhos do mundo me miram... 

Todas câmeras da cidade anotam minhas multas... 

Não posso errar...

A cada dia perco pontos em minha carteira de habilitação da vida... 

Sigo em Movimento... 

Ano seguinte é menos um... 

Finjo ser mais... 

Tenho a mesma idade de quando me percebi... 

Amordaço a ciência da minha morte na hora das minhas solidões... 

Melhor morrer esperneando... 

Sou o coordenador geral dos meus impulsos... 

Amém! 




Jorge Schweitzer






PS: Escrevi em setembro de 2008, nem lembro a razão de estar putzo... Hoje uma moça  me reenviou... Pô, tenho uma vida excelente...  Misturei tudo tanto que pareciam frases do Arnaldo Antunes... Relendo acho que eu estava puto com a seleção brasileira que devia ser uma merda na época...







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