sábado, 2 de março de 2013

Caso Isabella Nardoni granha versão para teatro: 'Edifício London'






Tragédia de Isabella Nardoni ganha versão para o teatro em SP 

Peça 'Edifício London' estreia neste sábado (2) no Espaço dos Satyros. 

'É uma tragédia universal', afirmou Lucas Arantes, autor do texto. 

Marcelo Mora 
Do G1 São Paulo 

A tragédia familiar que ganhou notoriedade na mídia como “Caso Isabella” vai ganhar uma versão dramatizada, encenada pela companhia de teatro Os Satyros, a partir da madrugada deste domingo (3) no Espaço dos Satyros, na Praça Roosevelt, no Centro da capital. 

A peça “Edifício London” foi escrita pelo jornalista Lucas Arantes e tem direção de Fabrício Castro. 

London é o nome do condomínio que foi o local do assassinato da menina Isabella Nardoni, então com 5 anos, jogada pela janela de um apartamento do 6º andar pelo próprio pai, Alexandre Nardoni, em março de 2008. 

O crime gerou enorme comoção popular. 

Em março de 2010, Alexandre Nardoni foi condenado na primeira instância da Justiça de São Paulo a 31 anos, 1 mês e 10 dias de reclusão e Anna Carolina Jatobá, madrasta de Isabella, a 26 anos e 8 meses de reclusão. 

Os detalhes do crime foram acompanhados por Lucas Arantes com atenção, mesmo que à distância, já que mora em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e serviram de inspiração para escrever a peça. 

“Eu acho que um escritor é um cronista de seu tempo. É algo (o crime) tão distante que você se pergunta como isso aconteceu. A tragédia não é planejada, ela acontece. O trágico sempre me chamou a atenção. E essa é uma tragédia universal. Como você mata a própria cria?”, questionou Arantes.

 Até chegar à versão final, a peça foi escrita e reescrita “umas 15 vezes”, de acordo com Lucas, e se baseia em diálogos tensos, com referências ao mito da Medeia e a Macbeth, texto do dramaturgo inglês William Shakespeare. 

Os diálogos acontecem entre o casal envolvido na morte e outros personagens, como um mendigo, o porteiro, um jornalista e, claro, a própria vítima. 

Medeia, um dos personagens mais interessantes da mitologia grega, era uma feiticeira que ajudou Jasão a obter o velocino de ouro, que pertencia ao rei da Cólquida, Aetes, de quem era filha. 

Movida pela paixão, Medeia trai o pai e usa seus poderes mágicos para salvar a vida do amado Jasão, líder dos argonautas. 

Já a peça de Shakespeare trata de um regicídio, do qual a própria mulher do rei, Lady Macbeth, é cúmplice. 

Para Arantes, a tragédia ficcional tem uma função em relação ao espectador. 

“A tragédia ajuda o espectador a recolher objetos perdidos, ajuda a repensar tudo isso. Segundo Nelson Rodrigues (jornalista, escritor e dramaturgo), o personagem é vil para que nós não sejamos”, disse, ao explicar sua obsessão pelo Caso Isabella.

A família moderna é que está em discussão na peça “Edifício London”, na visão de Fabrício Castro, que faz sua estreia na direção. 

“A gente procura a partir de um exemplo que aconteceu, pegar no eixo da questão da família, desta família moderna, desta instituição familiar, que a gente já não vê como antigamente. Sabe aquela família de comercial de margarina? A gente reflete muito sobre o que é essa família de hoje. Hoje, você vê pais solteiros cuidando de filhos, você vê casais de homossexuais cuidando de crianças. Não é mais aquela família com laços sanguíneos”, disse. 

Edifício London 
Aos sábados, às 23h59 
Espaço dos Satyros, Praça Roosevelt, nº 222 – capacidade para 60 pessoas 
Preço: R$ 30, inteira; R$ 15, meia Idade mínima: 16 anos





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