"Vão conseguir nos tirar daqui", diz cacique Tukano
Índios admitem pela 1ª vez deixar Aldeia Maracanã
Jornal do Brasil
Caio Lima*
Com o prazo para desocupar o terreno do antigo prédio do Museu do Índio se expirando à 00h desta segunda-feira (18), os indígenas da Aldeia Maracanã estão “tensos e preparados para o pior”, segundo afirma o próprio cacique da aldeia, Carlos Tukano.
Para ele, a desocupação será violenta por parte dos agentes do governo do estado e os índios acabarão expulsos do local.
“O clima entre os índios está péssimo. Eles vão chegar de madrugada para machucar, bater, prender e nós vamos apenas nos proteger. Vamos sair perdendo e machucados, mas a luta pelos nossos direitos será a nossa única honra para a Copa do Mundo. Infelizmente, vão conseguir nos tirar da aldeia”, admite o cacique Tukano.
O cacique ressalta que a aldeia ainda tenta a permanência no local apelando às diversas autoridades:
“apelamos para Dilma, Câmara dos deputados, Senado, ministérios, Justiça. Me sinto desamparado pelo meu próprio país e a aldeia está pagando o preço da Copa do Mundo”.
Pela primeira vez, índios admitem que teirão de deixar a Aldeia Maracanã
Para o antropólogo e ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) Mércio Pereira Gomes, se o governo Sérgio Cabral concretizar a desocupação dos indígenas do local será uma situação “lamentável”.
Mércio lembra que o governador chegou a considerar o tombamento e a restauração do imóvel.
“Sérgio Cabral reconheceu que o museu não poderia ser destruído. O prédio tem um valor em si próprio e imaterial, com as passagens de Marechal Rondon e do indigenismo. Parece-me descabido fazer um Museu Olímpico num prédio que tem todas as características indígenas. Desconfio que, se for concluída a retirada dos índios do local, o governador vai destruir o prédio inteiro, pois ele não é moderno, é difícil servir para uma Olimpíadas. O fato é que o Brasil perderá uma grande experiência indígena”, lamenta o antropólogo.
Ordem judicial
A decisão que determinou que os índios desocupem o prédio do antigo Museu do Índio, localizado no Complexo do Maracanã, foi expedida pela Justiça Federal, pois o governo do Rio havia entrado com um mandado de imissão de posse do prédio, comprado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
No entanto, o defensor público da União Daniel Macedo ingressou no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) com um recurso de agravo de instrumento, tentando reverter a situação.
Até o momento, o TRF2 ainda não se manifestou sobre o recurso.
*Do Programa de Estágio do Jornal do Brasil
PS: Primeiro o governador Sérgio Cabral admitiu que conservaria o antigo Museu do Índio com reformas e os índios retornariam depois das obras... Logo após apareceu a 'idéia' do sr. Carlos Arthur Nuzman para o espaço virar 'Museu Olímpico' que Cabral achou 'excelente'... Certo é que se aproveitaram de esperteza para retirarem os índios do local e ludibriarem a opinião pública e o Judiciário... A se confirmar a desocupação perde-se uma oportunidade única de viabilização de um projeto bacana compatível com o moderno em volta conviver com suas origens... JS
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