O Flash Jorge Schweitzer

Vez por outra jogo tantas coisas fora...

Limpar meus rastros de vida...

Fotos, livros, roupas e sapatos que mediram todas pegadas...

Já não possuo meus Armani e Hugo Boss que doei para vítimas de Friburgo que certamente devem ter sido confiscados no meio do caminho larápio...

Também, vamos convir, para que serviria uma grife destas a agasalhar do frio e chuva desabrigados de enchentes?

Deve ter sido surrupiado por alguém antes do destino...

Até achei que um Pullover Gucci já não existia...

Descobri que ainda está em meu poder...

Ao revirar roupas velhas semanas atrás...

Encontrei...

Não preciso mais dele...

Já não me cabe...

Como índio que nada acumula, somente necessito do meu dia seguinte...

É sério!

Acabo de entregar meus antigos vestígios para mendigos abaixo das marquises da Marques de Pombal, logo após calçadas do prédio do Jornal O Globo...

Foi um fuzuê...

Também levei quatro Coca Colas de 2 litros que avançaram antes das roupas...

O Gucci foi disputado e até fotografei para lhes mostrar mais adiante...

A Coca Cola serviu como mistura a cachaça num samba gelado...

Fui embora antes de começarem a repartir...

Não me agradeceram...

Amanhã sequer lembrarão se o carro que parou para lhes entregar as roupas da manhã seguinte era amarelo, preto ou vermelho...

Sempre dou abraço junto a goles de elixir anestésico ou lanterna dos desesperados para num blue flash memory eraser jamais lembrarem que existo...




Jorge Schweitzer