quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Médicos recebem ótimos salários e não trabalham no Hospital Federall Cardoso Fontes RJ




Procura-se: Médicos 'fogem' de expediente em hospital público 

Eles deveriam estar no Cardoso Fontes, onde têm salários de até R$ 16 mil, mas quase não vão ao hospital público 


JOÃO ANTONIO BARROS E FRANCISCO EDSON ALVES 


Rio - A face oculta do Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, ganha contornos e vida nas clínicas particulares. 

Praticamente desaparecidos da emergência e dos ambulatórios, onde deveriam trabalhar todas as semanas, um grupo de médicos e enfermeiros raramente é visto atendendo no hospital. 

Passa o dia no corre-corre para cumprir a extensa agenda de clientes exigentes nas Zonas Sul e Oeste. 

No Rio, 88 médicos estrangeiros — nenhum cubano — entram nesta quarta-feira no terceiro dia de avaliação do Programa Mais Médicos, no Centro Cultural Banco do Brasil. 

As aulas são de saúde pública brasileira e Língua Portuguesa. Eles não escondem a ansiedade. No estado, serão contratados 70 médicos, 10 deles estrangeiros, para trabalhar em 14 municípios: Belford Roxo, Duque de Caxias, Guapimirim, Itaboraí, Itaguaí, Japeri, Mesquita, Nova Iguaçu, Paracambi, Queimados, Rio, São Gonçalo, São João de Meriti e Seropédica. 

Já no Cardoso Fontes, o urologista André Guilherme Lagreca da Costa Cavalcanti é exemplo do quanto é importante aparecer: no dia 28 de junho atendeu 36 pessoas que esperavam no ambulatório. 

Foi a única vez naquele mês que os pacientes viram o médico no hospital. 

André Cavalcanti é referência no Rio na reprodução humana. 

Além do contrato de 20 horas semanais com o Ministério da Saúde, é professor da UniRio — 40 horas por semana — e passa a maior parte do tempo nos consultórios da Barra e de Copacabana. 

Sem contar o extra, às sextas-feiras, no centro de fertilização da Rede D’Or, onde a consulta custa R$ 400. 

Na saúde pública, o médico ganha R$ 9 mil por mês. 

Outra médica com a agenda lotada é Mauricea de Santanna. 

De segunda a sexta-feira, ela atende, das 13h às 19h, na empresa Sansim, que presta serviço à fábrica de lubrificantes da Petrobras Distribuidora, em Duque de Caxias. 

A hora da saída é exatamente a mesma que deveria entrar no plantão da enfermagem do Hospital Cardoso Fontes. 

Mas os engarrafamentos na longa viagem de 50 quilômetros entre Campos Elísios e Jacarepaguá devem impedir Mauricea de chegar no hospital. 

Seus colegas mais novos não a conhecem. 

Os antigos se assustam quando alguém tenta saber dela. 

Terças, quartas e sábados, novamente na função de médica, ela atende no consultório particular, em Madureira. 

No Cardoso Fontes, sua carga é de 40 horas por semana e o salário, R$ 8 mil. 

Quem também atende na Zona Oeste, só que duas vezes por semana, é a ginecologista Magali Luppo Cordeiro. 

Médica com status de chefia no Cardoso Fontes, ela tem duas matrículas no Ministério da Saúde e total de 60 horas semanais — ou 12 horas por dia, já que não trabalha nos fins de semana. 

Com a agenda no consultório particular, fica difícil atender nos dois lugares. 

No Cardoso Fontes, Magali recebe, por mês, R$ 16 mil. 

Especialistas ilustres que nunca estão disponíveis 

A escala de médicos do Hospital Cardoso Fontes tem nomes ilustres, mas pessoas desconhecidas dos pacientes. 

Um deles é o do geriatra Paulo Roberto Fernandes, diretor da unidade até outubro. 

A agenda de atendimento dele é mistério: fica trancada na mesa da enfermeira Vera Lúcia e ninguém consegue marcar uma consulta com o profissional — reconhecido como um dos melhores geriatras e ginecologistas do Cardoso Fontes, onde deveria trabalhar 40 horas por semana para ganhar R$ 11 mil. 

A desculpa é a mesma na hora de marcar a consulta: “Não há vaga e nem previsão” de quando o médico estará disponível. 

Durante a semana, na sala onde atendem os ginecologistas, nem sinal de Fernandes. 

Se alguém quiser vê-lo, é só ir às terças, quartas e quintas-feira a seu consultório, na Barra. 

Outro desaparecido do Cardoso Fontes é o ex-diretor do hospital, o oncologista José Francisco Ferrão. 

Seu salário, pago pelo Ministério da Saúde, está à altura do prestígio profissional: quase R$ 16 mil. 

Mas os pacientes da unidade — centro de referência para tratamento de câncer — não conseguem consulta. 

O nome do médico não aparece nem entre os servidores do hospital. 

Mas é fácil achar o doutor Ferrão. Sete quilômetros é a distância até sua clínica particular, no bairro da Taquara, também em Jacarepaguá. 

Mas há uma condição para ser atendido: pagar R$ 150 pela consulta. 

Estrangeiros têm aulas no Rio de Janeiro 

Os 88 médicos vindos de diversos países, como Egito, Argentina, Grécia, Portugal, Itália e Espanha, que passam por treinamento no Rio, dizem dar pouca atenção às críticas de colegas brasileiros. 

“Para mim, (as críticas) servem de incentivo”, disse o neurocirurgião egípcio Morhamed Ali Gad, 35 anos, que já passou seis meses aprimorando a profissão em Curitiba (PR). 

Gaetano de Rosa, 57, clínico geral italiano, afirmou, porém, que os estrangeiros merecem mais respeito. 

“Sempre respeitei a medicina brasileira”, justificou. 

A paulista Aline Moraes, graduada em medicina estética na Itália e que trabalhou por 12 anos em áreas carentes da Argentina disse que os médicos vieram para somar e não dividir. 

Argentino já previa crítica 

O cirurgião-geral argentino Jorge Soria, 47, disse que esperava críticas, mas alega que elas vêm dos que ainda não conhecem os médicos estrangeiros.

“Não duvidem de nossa capacidade e vontade de melhorar os índices de saúde”.

Jorge Darze, presidente do Sindicato dos Médicos, voltou a criticar o Mais Médicos.

“É um programa eleitoreiro e que desrespeita a lei. Os políticos, quando adoecem, vão para o Sírio-Libanês”, ironizou. Para Lígia Bahia, médica especialista em Saúde Pública e professora da UFRJ, trazer médicos estrangeiros para o Brasil e incentivar que brasileiros vão para o interior é uma medida importante.

“Precisamos, entretanto, de mais recursos técnicos, científicos e não apenas humanos”, ponderou.



PS: A foto ilustrativa lá acima é de uma manifestação de médicos e enfermeiros do Cardoso Fontes pleiteando contratação de mais profissionais e melhoria de salário... Engraçado que nunca assisti esta categoria estendendo faixa denunciando colegas relapsos apesar de quase lugar comum no serviço público falcatruas, maracutais, roubos e desmandos... O único que fingiu que denunciou foi o Sérgio Cortes que após se tornou político ligado o Cabral e foi flagrado com guardanapo na cabeça em Paris e é um dos maiores desastres administrativos de toda história recente no poder público...  JS




2 comentários:

  1. http://www.youtube.com/watch?v=DpvuOLHY_bc

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  2. http://diariodopoder.com.br/coluna/cuba-paga-a-medico-salario-de-573-pesos-r-58/

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