quinta-feira, 15 de agosto de 2013
PM que conduziu Amarildo diz que 'se perdeu' no RJ
PM do caso Amarildo diz que se perdeu, ao explicar trajeto de GPS
Após Jornal Nacional revelar rota, PMs foram chamados a depor de novo.
Delegado diz que ainda não tem suspeitos; pedreiro sumiu há um mês.
Do G1 Rio
A polícia do Rio voltou a ouvir o PM que dirigiu o carro onde ajudante de pedreiro Amarildo de Souza foi conduzido, na noite em que desapareceu, na Rocinha, dia 14 de julho.
Nesta quarta-feira (14), o Jornal Nacional mostrou que o policial omitiu informações sobre o trajeto percorrido.
No depoimento desta quinta (15), ele disse que se perdeu a caminho do Batalhão de Choque da Polícia Militar.
O delegado da Divisão de Homicídios (DH), que apura o desaparecimento, disse que os dados do GPS que estava no rádio do carro da PM já faziam parte do inquérito.
Os investigadores analisaram o trajeto, percorrido em 2 horas e 27 minutos, na noite de 14 de julho, e já haviam intimado o soldado que dirigia o veículo a dar mais explicações.
“Considero absolutamente ninguém suspeito, mas eu considero que existem circunstâncias que vão conduzindo a nossa investigação. Dizer que alguém é suspeito ou não, não é o momento apropriado da investigação. A gente trabalha com a possibilidade de agentes públicos terem cometido o desaparecimento do Amarildo, como também o tráfico de drogas da localidade ter desaparecido com o Amarildo”, disse Rivaldo Barbosa.
Como o Jornal Nacional mostrou nesta quarta, ao ser ouvido pela primeira vez, na delegacia da Gávea, o soldado Sidney Félix Cuba omitiu informações e não deu detalhes do caminho que fez, depois de, segundo ele, ter deixado Amarildo na sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha.
Segundo os registros do GPS, também revelados nesta quarta, com exclusividade, depois de sair de um posto da UPP, com Amarildo, o carro conduzido pelo soldado levou menos de três minutos para chegar à sede da unidade, na parte alta da comunidade.
Vinte e cinco minutos mais tarde, o veículo deixou a Rocinha em direção à Zona Portuária da cidade, por onde circulou durante 47 minutos.
O carro voltou para a Zona Sul e retornou para a área central da cidade duas vezes.
No caminho, parou três vezes: no Batalhão de Choque da PM, por sete minutos; no Hospital Central da PM, por dois minutos; e no batalhão do Leblon, durante seis minutos.
A viatura só voltou para a Rocinha depois das 22h.
“Isso é muito grave, esse comportamento é muito grave, e tudo isso foi omitido pela polícia nos depoimentos. Só confirma a impressão que a família tinha, eles tiram o corpo de Amarildo de dentro da UPP já sem vida e levam pra algum lugar da cidade, essa é a impressão que a família tem, porque na Rocinha em lugar nenhum Amarildo está”, disse João Tancredo, advogado da família.
Depois da reportagem do Jornal Nacional, a Delegacia de Polícia Judiciária Militar decidiu ouvir na tarde desta quinta o soldado Félix Cuba, que dirigia o carro, e uma outra policial, soldado Monteiro, que o acompanhava.
Os dois voltaram a afirmar que deixaram Amarildo na sede da UPP da Rocinha, antes de saírem da favela.
Disseram também que, no primeiro depoimento, não deram detalhes do trajeto percorrido naquela noite, porque não tinham sido questionados pelos investigadores.
Segundo o comandante das UPPs, Frederico Caldas, os dois PMs contaram que deixaram a Rocinha para abastecer o carro, no Centro, mas que, no caminho para o Batalhão de Choque, se perderam.
“Normal seria que eles abastecessem no 23º batalhão no Leblon, que é a unidade mais próxima, mas não havia combustível disponível lá. Então eles receberam a ordem pra seguir até o Batalhão de Choque. Foram direto para o Batalhão de Choque, erraram uma entrada na saída do Túnel Rebouças, foram parar na rodoviária. Lá na rodoviária eles pediram informação ao sargento do Batalhão de Turismo, retornaram ao Batalhão de Choque e lá fizeram o abastecimento”, explicou Frederico Caldas.
“Quando estavam mais ou menos próximos da Lagoa Rodrigo de Freitas a policial recebeu uma ligação da sala de operações da Rocinha determinando que eles fossem até o Hospital Central da Polícia Militar porque havia lá um policial da UPP que tinha sido atendido pelo médico e precisava ser levado para o 23º batalhão, onde são os alojamentos desses policiais da UPP da Rocinha.
Então eles regressaram até o Hospital Central, pegaram esse policial e deixaram esse policial no 23º BPM e de lá voltaram pra Rocinha”, continuou o coronel.
Caldas disse que todas as informações serão apuradas.
“Ouvindo os policiais que estavam de serviço na sala de operações da UPP, ouvindo esse sargento do Batalhão de Turismo que deu essa informação, vão ouvir também o policial que estava no Hospital Central da Polícia Militar e foi conduzido ao 23º Batalhão.
A Polícia Militar, como todo mundo, quer também saber onde esta o Amarildo e de alguma forma esse inquérito caminha exatamente pra buscar essas informações".
A chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, avaliou o trabalho nas investigações.
“Essa é uma investigação complexa, essa é uma investigação que vai demandar da Polícia Civil ter muito cuidado, muita atenção. Diante dessa complexidade, um mês não é tanto tempo assim.”
Relatórios serão analisados
Também nesta quinta, a Corregedoria da Polícia Civil informou que vai analisar os trechos dos relatórios divergentes de dois delegados sobre o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza para descobrir o que motivou as contradições, como mostrou o RJTV.
PS: Normalmente, qualquer pessoa que não possui GPS, e fica perdida pede ajuda à taxista, funcionário da Comlurb ou em Posto de Combustíveis... Dois PMs na mesma viatura desconhecerem o caminho correto entre o centro do RJ e o Leblon é algo que contraria qualquer explicação... Se o Geraldo Magela for deixado sozinho no Leblon ele consegue ir e voltar do Centro em meia hora num domingo sem trânsito, duas vezes seguidas... JS
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