O incêndio do Mercado Público de Porto Alegre nesta noite de sábado me revirou lembranças...
Durante muito tempo circulei, na adolescência, no entorno do Mercado Público de Porto Alegre...
Durante cinco anos, dos 13 aos 18 anos, desembarcava do Linha 20 na Praça Parobé para trabalhar no prédio da Rua Voluntários da Pátria numero 9, décimo andar, que tinha vista para ao telhado do Mercado...
Ainda havia lambe lambe para fotos em preto em branco para nossos documentos na calçada da Praça XV ao lado...
Conheci cada canto do Mercado Público com seu sorvete com coalhada em taças nas mesas de mármores num restaurante imenso no interior térreo...
As ervas de chimarrão, de boa qualidade, compradas a granel nas vendas em quiosques um ao lado do outro...
Nos corredores do segundo andar existia um órgão da prefeitura onde eu apanhava tickets de passagem escolar para pagar meia passagem...
Nas lojas do lado de fora, nos anos 70, ainda existiam açougues que a gente acreditava algum dia venderam linguiça de carne humana na fundação do Porto dos Casais...
Na minha juventude, havia ainda o Restaurante Treviso onde pendurada na parede como relíquia a cadeira que Francisco Alves usava para trocar canções e dedo de prosa com Lupicínio Rodrigues quando vinha à Porto Alegre...
Mercados no mundo inteiro costumam pegar fogo por alguma razão talvez justificada pela apólice de seguro de algum lojista que não existia antigamente...
Nossas memórias sendo apagadas por algum interesse...
Quase ninguém tinha seguro de nada e mercados não pegavam fogo...
Lembro somente da Assicurazioni Generali de Trieste e Venezia de então...
Seguradores se multiplicaram e encadearam incêndios sem controle...
Tomara que o incêndio do Mercado Público não tenha sido criminoso...
Se for, a polícia irá localizar a esperteza com rapidez...
Típico crime de fácil e ágil elucidação...
Policiais do Brasil inteiro recebem bônus das seguradoras para desvendar tombo do seguro...
Hoje Porto Alegre ficou mais triste...
Jorge Schweitzer
Tu estas descrevendo nosso sentimento! Verdade, estamos em luto pelo nosso querido MP, comecei a frequentar o Mercado desde pequena e na fase adulta tornou-se nosso ponto de encontro todos os finais de tarde. Mas como estas fora de POA tenho algumas considerações: o nosso MP foi muito descaracterizado! O Naval, famoso pelo "violento mocotó", hoje é um restaurante finíssimo com preços a altura de reforma, A Banca 40 famosa pelo sorvete, o caldo de frutas (oriundo da famosa salada de frutas) foi vendido, e consequentemente não me lembrava mais os velhos tempos, a parte de cima foi reformada, era onde nós nos reuníamos para falar de samba, politica, beber, comer tira-gosto, a comunidade negra se fazia presente, ha, não posso esquecer dos Afro_Umbandistas pois reza a Lenda que foi assentado no centro um BARÁ quando da construção do mesmo pelos escravos.Em resumos Jorge, Porto Alegre está de LUTO!
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