quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Tramandaí


O episódio da modelo atropeladora bêbada e do suplente do Triângulo de Tramandaí me remeteu à lembranças...

Do início da década de 70...

Praias gaúchas eram cidades fantasmas no inverno...

E, nosso balneário de verão...

Minhas lembranças misturam Cidreira, Tramandaí, Capão da Canoa...

E, Atlântida...

Passeávamos em frente a casa abandonada do Brizola que militares tombaram com símbolo...

Torres era tão diferente que impossível confundir...

Ficava longe, quase na fronteira com Santa Catarina...

Pobres tinham casa em Mariluz...

Ou Pinhal, Imbé...

Putz, minha família possuia uma casa de tijolo a vista em Mariluz...

Ficava tão abandonada no inverno que levávamos 25 dias para limpar areia que o vento assoviante acumulava...

E 5 para curtir o final do verão...

Verão tinha só 30 dias?

Não!

O restante alugada para 50 pessoas se acomodarem espremidas...

Pobre é fodza...

Tramandaí era o point da gurizada...

O céu...

Bar, fusca, karman-guia...

Namoro nas dunas quando escurecia...

Pegar num peito era a glória de um guri...

Chegar a Tramandaí dava uma volta imensa por Osório...

Ou Santo Antonio da Patrulha...

Não sei...

Uma das duas era reconhecida como a terra da cachaça boa...

Eu não bebia...

Só experimentei uma Malzebier aos 19 anos de idade e fiquei mal...

Aquilo era ruim demais...

Abriram a Free Way...

É assim que escreve?

Não importa...

Dedão na estrada...

Jovens mochileiros pedindo carona fazia parte da paisagem...

Nem necessário comprar passagem para Mariluz...

Todos confiavam na inocência estampada no sorriso aberto...

Éramos felizes sem saber...

Só uma dúvida me persegue...

Existia o raio de um bar chamado Taba, não sei onde...

Era um troço redondo sobre a areia...

Pode ser que na Praia de Ipanema do Rio Guaíba...

Achava que em Tramandaí...

Minhas lembranças boas foram misturando praias de água salgada e doce...

Na mesma idade destes algemados em camas hospitalares...

Jamais me passou pela cabeça assassinar alguém...

Sou do tempo em que luto era simbolizado por um pedaço de pano preto preso na borda do bolso da camisa ou envolvendo o braço esquerdo...

Taí!

Todos moradores de Tramandaí deveriam ostentar luto sentados em frente do Restaurante do Triângulo no próximo sábado, ao meio dia...

Em silêncio...

Tramandaí é uma cidade nova com cidadãos que se recusam serventia a capitães aventureiros auto sacramentados captores de índios chucros e servis pagando pedágio para forasteiros controladores de gado de arroio...

Por favor, sábado, 12 horas, todos lá!




Jorge Schweitzer







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