sábado, 28 de janeiro de 2012
De arrepiar...
Um homem a descartar bolsa azul de vítima da tragédia na Cinelândia sobre os escombros do cais do porto do Rio de Janeiro...
Já não havia mais nada a saquear dentro, alguém chegou antes dele...
Recordei matéria da Monica Bergamo conversando com um índio acusado por sorrateiros soldados do Exército de saquear objetos do Gol 1907 acidentado após bater no Legacy declarando que jamais tocaria numa única peça sequer dos espíritos das florestas que retornariam um dia para reavê-las...
Mesmo aculturado sem doutrina possui parâmetros naturais de respeito por mortos...
Garimpagem neste subnível humano é o elo relativo dos limites perdidos...
Lembrei de Treblinka onde dentes de ouro eram extraídos e cabelos arrancados dos cadáveres antes de arremessados aos fornos...
Triste, muito triste...
De arrepiar...
Jorge Schweitzer
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E assim rasteja a humanidade.
ResponderExcluirOs valores se diluem, o respeito a dor alheia não existe, o que deixaremos para nossos netos?
Uma observação: posso estar errado e gostaria que alguém me corrigisse, mas quando vi aquelas máquinas escavadeiras em cima do desabamento, deu a impressão que era cedo demais pra máquinas de várias toneladas estarem ali. Não vi aquela fila que se forma com bombeiros e voluntários retirando entulho com as mãos por vários dias antes de acionarem máquinas pesadas. Não sou técnico em salvamento, mas achei toda a operação afoita demais.
ResponderExcluirEntão veio a notícia de que restos mortais foram encontrados junto ao entulho. Pra mim isso é a prova de que o entulho foi removido com máquinas antes do tempo. Não li nada a respeito, mas foi a impressão que tive vendo fotos e a sequência das operações.
Otávio
Concordo com o Otávio e tive a mesma impressão quando vi as máquinas. Se havia qualquer possibilidade de encontrar alguém com vida após as máquinas pesadíssimas estarem alí, acabaram de matar. Com a palavra os "Doutores governantes sabem tudo".
ResponderExcluirA Germana teve a mesma percepção e tenho certeza que muitas pessoas pensaram o mesmo. Pra mim, alguma autoridade exigiu que a limpeza do local fosse feita o mais rápido possível para evitar a imagem negativa. Claro que as buscas ainda continuam, mas questiono a eficiência do processo. Depois de colocar duas escavadeiras de algumas toneladas sobre os destroços, fica difícil ter alguma esperança.
ResponderExcluirSe isso realmente aconteceu, se houve essa pressa irresponsável, mostra mais uma vez o valor do ser humano em nosso país. Uma bolsa vazia no meio dos escombros tem mais valor.
Talvez essa tragédia nos ensine uma coisa: somos pessoas até o momento de votar. Depois somos entulho.
Otávio