quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Táxi em Movimento





O Homem Nu de Copacabana

Fernanda Higa de Nagoya, direto do Japão, corrigiu aqui - no Táxi em Movimento - que Nana não é nove e sim sete...

E...

Aproveitou para informar que 9h 30min é ku de ran...

Fernanda, vou aproveitar para confessar um negócio de horários...

Lembrei de uma zoação de quando meu filho aprendeu a falar...

Por alguma razão, sempre que a gente perguntava que horas seriam...

Respondia seis e meia...

Mal sabia balbuciar mamãe, colo, peta, pai e Coca Cola...

Qualquer horário para o Rodrigo era 'cês e mea'...

Daí...

Sempre que chegava por volta de 6 e 25 eu, segurando o Rodrigo, corria para perto de alguém e puxava conversa até chegar seis e meia...

Olhava o relógio e...

- Rodrigo, que horas são, filho?

- Cês e mea!

Todos ficavam boquiabertos por um guri daquela idade saber o horário preciso...

Durou pouco...

Tentei ensinar-lhe outros horários para não sermos pilhados na brincadeira...

- Rodrigo, por favor filho, dez e meia...

Nada...

Só seis e meia mesmo, depois de dar gargalhadas magníficas sobre minha intenção de adestrá-lo...

Engraçado estas sacanagens maravilhosas que a gente faz com nossos bebês...

Não servem para nada...

Somente para recordarmos mais tarde quando eles não mais lembrarão de haverem sido coadjuvantes...

Mas...

Quando Rodrigo veio morar comigo em Copacabana...

Na primeira semana o coloquei na escolinha de futebol em frente ao Copacabana Palace, o Geração...

Quando retornava, por volta de 21 horas, ficava entediado...

Eu não queria ve-lo triste sentindo falta de seus amigos...

Pegava o tapete da porta e fazia surfe com ele pelos corredores do segundo andar...

O chão era liso e encerado...

O colocava acima e puxava com força até pegar embalo que lhe conduzia sozinho até o final do imenso corredor...

Uma viagem...

A gente ficava controlando os barulhos dos elevadores para não sermos flagrados na molecagem...

Haviam seguranças do prédio que davam incertas pelos andares...

A gente apurava audição e vupt...

Lá ia o Rodrigo deslizando feliz...

Só que alguém com 8 anos de idade sempre quer mais...

E, eu também, lógico...

Combinei que faríamos manobras radIcais do surfe sobre o capacho, de cuecas...

Claro, era muito mais perigoso arriscar ser encontrado por alguma vizinha...

Virou uma tensão...

Qualquer barulho a gente abortava a operação e corria prá dentro de casa feito dois idiotas segurando o tapete deslizante...

E retornávamos com o coração aos pulos...

Certo dia resolvi dar um susto no Rodrigo...

A porta somente abria por dentro...

Escondi a chave na palma da mão...

Puxei a porta...

Empurrava o Rodrigo prá lá e prá cá...

Todo feliz...

Até que o elevador de serviço com porta pantográfica fez aquele barulho que foi acionada no térreo...

Rodrigo correu de cuecas e encontrou nossa porta fechada...

Entrou em panico feito um homem nu, embora de cuecas, do Fernando Sabino...

Tentava se esconder atrás de mim enquanto eu fingia que tudo estava perdido...

Abri a porta...

Rodrigo foi dormir putzo com minha armadilha...

- Pô pai, tu não sabe brincar!

Nem aceitou o jantar que eu havia preparado com maior carinho...

Tomou banho e deitou todo bicudo na cama ao lado...

Fui dormir...

Sonolento, vi sombras do Rodrigo ligando o microondas...

Nenhum adolescente resiste belo jantar...

Me fez carinho no ombro que retruquei...

- Filho, foi mal...

- Pai, voce é fodão, te amo pai!

- Que nada, filho, fodão é o Alípio! Eu sou só foda... E você é...

- Pai, por favor, continua dormindo; não repete a mesma piada, por favor, dorme vai...



Jorge Schweitzer

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