quarta-feira, 14 de maio de 2014
Vídeo mostra os últimas imagens do menino Bernardo Boldrini com vida no posto de gasolina de Frederico Westphalen RS
Opinião: o guardião das imagens
Repórter de ZH relata como comerciante resistiu ao cerco dos jornalistas e preservou imagens que mostram últimos minutos de vida de Bernardo
por Carlos Wagner
Por ter as imagens da câmera de segurança que se tornaram fundamentais no esclarecimento do assassinato do menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, Jonir Piaia virou alvo de dezenas de jornalistas de todos os cantos do Brasil. O comerciante de 62 anos é sócio do posto de combustíveis onde foi registrado o momento em que madrasta do menino chega em Frederico Westphalen. Piaia soube em 14 de abril que tinha as imagens. No dia seguinte, começou a receber telefonemas de repórteres.
— Tranquilamente, eu recebia umas 15 ligações diárias. Ouvi os mais diversos argumentos. Dias depois, os jornalistas começaram a vir aqui. Primeiro, tentavam conseguir uma cópia das imagens. Depois, falavam que se contentavam em ver o vídeo. E, por fim, eles se consolavam com uma descrição que tinha filmado — comenta.
Entre os jornalistas, os das redes de TV e dos sites foram os mais insistentes. Várias vezes, lembra Piaia, tentaram convencê-lo apelando para a vaidade dele. Ex-seminarista, ex-bancário e ex-secretário municipal, Piaia ouvia a todos com paciência, inclusive repórteres de ZH. No auge do caso, uma semana depois da descoberta do corpo do menino, havia fila de jornalistas na porta do posto. A explicação do comerciante para não liberar o vídeo era simples:
— Recebi a recomendação da polícia para não divulgar, eles falaram que poderia estragar o caso.
A delegada Caroline Bamberg Machado, responsável pelo inquérito, já havia avançado bastante na investigação. Então, voltei ao posto e conversei por uma hora e pouco com o comerciante. Ele permaneceu firme na posição de não divulgar o vídeo. No final da conversa, Piaia falou uma coisa que vinha repetindo para todos:
— Vocês vão embora, eu ficou aqui e vou ser cobrado se faltar com a palavra que dei à polícia.
Claro que todos os jornalistas terminavam a conversa perguntado se ele iria liberar o vídeo para outros jornais. Ele respondia:
— Quando liberar vai ser para todos ao mesmo tempo.
Hoje ele cumpriu a palavra.
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