Vídeo mostra últimos momentos de vida de jovem assassinada em Natal
Clara Rubianny Ferreira, de 26 anos, foi morta dentro de um apartamento.
Vídeo mostra que ela entra no imóvel ao lado do dono, que está preso.
Do G1 RN
A Polícia Civil do Rio Grande do Norte divulgou nesta sexta-feira (2), com exclusividade ao G1, imagens que mostram os últimos momentos de vida da pernambucana Clara Rubianny Ferreira, de 26 anos.
No último dia 22, o corpo dela foi encontrado embalado em lençóis e sacos plásticos dentro de um apartamento no bairro de Ponta Negra, na zona Sul de Natal.
Os peritos também disseram que havia um fio enrolado no pescoço dela.
O principal suspeito do crime, o empresário paulista Eugênio Becegato Júnior, está preso e durante depoimento disse que só se pronunciará quando os laudos periciais no corpo da jovem forem concluídos.
"O vídeo é mais uma prova que temos de que foi Eugênio Becegato Júnior o autor do crime e que ele agiu sozinho.
Esse vídeo irá compor o inquérito, que devo concluir nos próximos dias", falou a delegada Karen Lopes, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).
O empresário foi preso um dia após o corpo da jovem ser encontrado.
Estava em um ônibus quando foi abordado por agentes da Polícia Rodoviária Federal na cidade de Vitória da Conquista, no estado da Bahia.
O vídeo foi gravado pelo circuito de segurança do condomínio e revela que Clara entra no elevador do imóvel às 2h25 do dia 18.
Ela está acompanhada de Eugênio, que é dono do apartamento.
Nas mãos dele, uma latinha de refrigerante.
Ela carrega uma caixa que parece ser uma embalagem usada para o transporte de lanches.
As imagens de segurança do prédio também mostram que o empresário já aparece sozinho, no mesmo elevador, às 3h53.
Ele acende um cigarro e sai.
Às 4h20, ainda na mesma madrugada, ele volta, pega o elevador e retorna para o apartamento.
A nova aparição de Eugênio só acontece na madrugada do dia seguinte.
O relógio marca 5h14 do dia 19.
E, mais uma vez, ele deixa o imóvel sozinho. Pouco tempo depois, às 5h29, ele retorna ao lado de outro rapaz, que usa um boné e carrega uma bolsa.
Os dois vão embora do prédio às 5h45.
Já na manhã do dia 20, às 9h42, uma vizinha entra no elevador com dois policiais militares, que foram chamados por causa do mal cheiro no apartamento de Eugênio.
Os PMs deixam o condomínio minutos depois.
Consta no inquérito que os PMs não entraram no imóvel, pois teriam sido impedidos pelo proprietário.
"Como não tinham mandado, os policiais preferiram não arriscar", ressaltou Edson Barreto, chefe de investigações da 15ª DP.
Também consta no inquérito que a última vez que Eugênio deixou o apartamento foi no início da tarde do domingo, dia 21.
Ele pega uma Cherokee vermelha, vai embora e não volta mais.
No dia 22, às 17h45, peritos do Instituto Técnico-Científico de Polícia retiram o corpo de Clara do apartamento, colocam no elevador e o levam para a sede do órgão, onde foi periciado.
'Premeditado'
Em entrevista ao G1, o pai de Clara disse acreditar que o crime foi premeditado.
“Segundo os delegados, ele [o suspeito] é frio e calculista”, declarou o comerciante aposentado José Ferreira da Silva, de 68 anos.
O pai esteve em Natal no dia 30 com sua outra filha para acompanhar as investigações e recolher os pertences de Clara.
Entenda o caso
A Polícia Civil do Rio Grande do Norte encontrou o corpo de Clara Rubianny Ferreira no dia 22 do mês passado.
Ela tinha 26 anos e era natural de Caruaru, em Pernambuco.
Uma tatuagem na perna possibilitou a identificação da vítima, conforme explicou o chefe de investigação da 15ª Delegacia de Polícia, Edson Barreto.
Clara foi achada enrolada em lençóis e sacos plásticos.
Um fio elétrico estava em volta do pescoço da vítima.
De acordo com o chefe de investigações da 15ª DP, alguns vestígios achados no local do crime indicam que houve consumo de drogas no quarto onde o corpo da jovem estava.
"Achamos um prato e uma gilete, que normalmente são usados para esquentar e separar cocaína", ressalta.
Um exame toxicológico solicitado ao Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep) deve revelar se Clara consumiu drogas antes de morrer.
A polícia chegou ao apartamento após uma denúncia anônima de moradores.
Vizinhos reclamaram do mau cheiro vindo do imóvel.
Os policiais arrombaram a porta e acharam o corpo já em estado de decomposição.
Antes da descoberta, Edson Barreto chegou a entrar em contato com o pai de Clara, que mora em Caruaru.
"Ele não tinha notícias dela faziam seis dias", contou.
Eugênio Becegato Júnior deixou o prédio por volta das 13h do domingo (21) em uma Cherokee vermelha e não retornou.
O policial também contou que a Polícia Militar esteve no apartamento no dia 19, mas teve a entrada impedida pelo dono do apartamento.
"Como não tinham mandado, os policiais preferiram não arriscar", ressaltou o chefe de investigações da da 15ª DP.
A prisão do suspeito
O empresário Eugênio Becegato Júnior foi preso no dia 23, na BR-116, na região de Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), agentes do serviço de inteligência receberam a informação de que o suspeito viajava em um ônibus interestadual.
Após montar uma operação policial, o suspeito foi encontrado em um veículo que seguia em direção a Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Materialidade
A delegada Karen Lopes, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) da Zona Sul de Natal, foi a Bahia no dia seguinte à prisão e buscou o empresário.
Na capital potiguar, Eugênio disse que só irá se pronunciar após a emissão do laudo cadavérico.
O advogado dele, André Justo, falou ao G1 que pediu uma cópia do inquérito para poder traçar uma estratégia para a defesa.
"De qualquer forma, vamos aguardar que o laudo do Itep seja emitido", ressaltou.
Ele, inclusive, teria pensado em esquartejar o corpo e tirá-lo de lá em um carrinho de supermercado"
Karen Lopes, delegada de polícia
Apesar do silêncio do suspeito, a delegada acredita ter materialidade suficiente da culpa do empresário.
Segundo ela, o crime teria acontecido após uma briga entre Eugênio e Clara.
“Nós encontramos evidências do consumo de drogas”, apontou.
Além disso, Karen afirmou que uma testemunha teria afirmado que o homem pediu ajuda para ocultar o cadáver.
“Ele, inclusive, teria pensado em esquartejar o corpo e tirá-lo de lá em um carrinho de supermercado. Ele tentou conservar o corpo inclusive deixando o ar condicionado ligado direto”, comentou.
Eugênio está preso no Centro de Detenção Provisória de Pirangi, na zona sul da capital, por força de um mandado de prisão temporária de 30 dias.
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