sexta-feira, 2 de agosto de 2013

'Bonde dos Carecas' do São Carlos







'Bonde dos Carecas’ toca o terror no São Carlos 

Moradores dizem que grupo, que usa toucas ninja, impõe toque de recolher, dá tiros para o alto, faz ameaças e limita festas familiares. 

PM diz que vai apurar denúncias 


ALESSANDRO LO-BIANCO E MARIA LUISA BARROS 


Rio - Moradores das comunidades da Mineira e do São Carlos estão denunciando abusos que estariam sendo cometidos por um grupo de cinco policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). 

Os PMs, segundo os moradores, se intitulam Bonde dos Carecas, e agem muitas vezes usando toucas ninja. 

Eles são acusados de impôr toque de recolher, dar tiros para o alto, limitar festas familiares e revistar mulheres de forma que se elas sentem abusadas. 

Segundo o presidente da Associação de Moradores do São Carlos, Aldir Silva, queixas já foram feitas, com pedido de investigação, ao comandante da unidade, Ricardo Alves, mas nenhuma atitude tinha sido tomada. 

Nesta quinta-feira, ao ser questionada pelo DIA sobre o assunto, a assessoria da PM informou em nota, que “as denúncias chegaram ao conhecimento do comandante da UPP, que imediatamente abriu um procedimento apuratório e afastou o policial de suas atividades.” 

O policial a que a nota se refere é o sargento Gilson, acusado de chefiar o grupo, que tem como característica as cabeças raspadas. 

“Fazem disparos para o alto quando anoitece, dizendo que agora eles que mandam no pedaço e que se não respeitarmos as leis iremos para o buraco. O sargento Gilson, por exemplo, fica andando pelas vielas da comunidade de madrugada falando isso pelo megafone”, denuncia Aldir. 

Relatos de ameaça Aldir relata que começou a sofrer ameaças de morte após ter levado o caso ao comando da UPP. 

Assustada, moradora que prefere não se identificar apontou marcas de tiros que perfuraram a parede de uma loja, e que, segundo ela, teriam sido disparados pelo grupo. 

“Uma das balas atingiu a parede do quarto de uma criança que mora lá em cima. De pacificadora essa polícia não tem nada”, disse.

 Morador da Mineira, um homem de 67 anos disse ter presenciado uma das ações. 

“Vi o grupo saindo do carro, colocando toca ninja e retirando as identificações das fardas. Depois todos saíram com o megafone tocando o terror. Nossas crianças estão assustadas, com medo da polícia. Não é essa imagem que as crianças deveriam ter. Estamos com medo de que eles matem alguém aqui”, disse. 

Interferência até em festas 

Outra queixa na comunidade é a limitação de festas familiares no São Carlos, prática que também estaria sendo imposta pelo grupo de policiais militares. 

De acordo com outro morador, até mesmo assistir à transmissão dos jogos de futebol em grupo está sendo vetado. 

“Eles mandam desligar o som quando estamos no bar vendo jogo de futebol. Já houve interferência também em festas de aniversário para as crianças. E ameaçam dizendo que vão jogar bombas de gás lacrimogêneo e usar spray de pimenta, embora isso não tenha sido feito. Um policial chegou a gritar para todos ouvirem que estava fazendo isso para acabar com a cultura nojenta de favela”, contou, indignado, o homem. 

Comandante da UPP diz que queixas já eram investigadas 

Procurado pelo DIA antes do anúncio do afastamento do policial, o capitão Ricardo Alves, responsável pelo comando da UPP na região, argumentou que “dez pessoas não representam 40 mil moradores”, referindo-se ao restante da população local, que não teria reclamações contra os PMs. 

Questionado sobre a quantidade de denúncias recebidas pela associação de moradores, o capitão informou que as queixas já tinham sido enviadas ao comando interno da unidade, que está investigando o caso. 

“De fato recebemos as denúncias e tivemos conhecimento das reclamações. Os moradores podem ficar tranquilos porque, a partir do momento que comprovarmos estas práticas, se elas forem confirmadas, iremos transferir os policiais. O caso está em averiguação”, disse Alves. 

Moradores denunciam que o suposto chefe do grupo, que seria o sargento Gilson, já havia sido transferido do Morro dos Prazeres para a comunidade do São Carlos por problemas com moradores. 

Questionada sobre o assunto, a assessoria do Comando da Polícia Militar não respondeu, informando apenas o afastamento do sargento, sem entrar em detalhes. 

“Precisamos de uma mudança urgente, pois somos a favor da UPP, mas desde que ela venha para fazer uma parceria, e não uma guerra. Precisamos de mais segurança na comunidade”, diz. 

Já a PM informou que "as denúncias chegaram ao conhecimento do comandante da UPP, capitão Ricardo Alves que imediatamente abriu um procedimento apuratório e afastou o policial de suas atividades." 

Dossiê aponta mortes de jovens em áreas pacificadas 

Denúncias de abusos cometidos por policiais em comunidades pacificadas no Rio foram reunidas em um relatório e encaminhadas no mês passado à Organização das Nações Unidas (ONU) pela ONG Justiça Global. 

Dentre as acusações estariam as execuções de seis pessoas e uma tentativa de homicídio, ocorridas em cinco localidades (Pavão-Pavãozinho, Fogueteiro, Cidade de Deus, Manguinhos e Jacarezinho), de junho de 2011 a abril desse ano. 

Uma das vítimas, Jackson Lessa dos Santos, 20, estaria num bar no Fogueteiro para comprar biscoito quando foi atingido por policiais. 

No Pavão-Pavãozinho, PMs da UPP sem uniforme e aparentando estar alcoolizados teriam disparado contra André Lima Cardoso Ferreira, de 19 anos. 

O levantamento mapeou a ação policial nas 32 favelas pacificadas desde dezembro de 2008, quando a primeira UPP foi inaugurada no Santa Marta, em Botafogo, na Zona Sul. 

O dossiê lista uso abusivo de armas não-letais e atuação de PMs sem farda. 

Não foram incluídos no dossiê as mortes ocorridas em junho deste ano em ação do Bope, no Complexo da Maré, na Zona Norte da cidade. 

Desde o começo, um clima de tensão A relação entre moradores e policiais de UPP, no Complexo de São Carlos, no Estácio, tem sido marcada pelo medo e por denúncias de abusos desde o início da implantação da unidade. 

Em janeiro deste ano, um PM foi filmado agredindo moradores no morro da Mineira. 

O vídeo foi postado na internet, e o policial foi afastado. 

No ano passado, escutas telefônicas revelaram suspeitas de ligações criminosas entre o ex-comandante da UPP no Morro do São Carlos, capitão Adjaldo Luís Piedade, e o traficante Sandro Amorim, conhecido como Peixe. 

O bandido pagaria semanalmente R$ 15 mil em propinas para a UPP. 

Onze pessoas foram presas, inclusive o ex-comandante. Instalada na comunidade vizinha, a UPP da Coroa, Fallet e Fogueteiro, morros situados no Rio Comprido, também recebia dinheiro para não reprimir o tráfico de drogas naquela região. 

 O esquema de corrupção denunciado pelo DIA mostrou que eram pagos R$ 53 mil mensais no total, em parcelas de R$ 400 a R$ 2 mil, para cada policial militar.




Um comentário:

  1. quando vc for destratado por um policial , ele te esculachar poer ser pobre, favelado etc faça uma pergunta pra ele.

    senhor PM, se por acaso o senhor cai na rua machucado e precisar de socorro, que tipo de pessoa vai lhe socorrer ?

    um rico que ele elogia ou um pobre que ele maltrata ?

    ele será capaz de responder.

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