quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Caso Joanna Marcenal e a Amnésia Coletiva







 

Nesta semana morreu Manoel de Barros e relembrei uma citação que fiz do poeta numa postagem sobre o Caso Joanna Marcenal que qualquer um de vocês pode encontrar na rede...

A performance deste rapaz no vídeo acima foi na Cinelândia durante o OcupaRio  - quando vários cartazes foram pregados em murais da Avenida Rio Branco - e eu estava no meio da multidão e também filmei com meu celular...


No evento participei de algumas reuniões e falei sobre o Caso Joanna com uma infinidade de pessoas perplexas com o que eu narrava...

Chegamos combinar adentrar a Vara de Execuções Criminais  com umas cem pessoas que espalharíamos estratégicamente pelos corredores minutos munidos de uma boneca amarrada pelos pés e mãos com fita crepe e esborrachar a cara do André Marins com fezes e urina enquanto o rapaz declamasse o Tratado Geral da Grandeza do Ínfimo...

Logo após houve desmobilização orquestrada pela imprensa alegando que o OcupaRio emporcalhava a paisagem...

Cada um de nós é responsável pela impunidade do Caso Joanna Marcenal...

Fomos frouxos, covardes, pequenos...

A monstruosidade que a menina Joanna foi vítima é degradante e nos tornamos cúmplices...

Permitimos que o Judiciário engendrasse arquitetura para livrar os assassinos e ficamos calados...

Nunca a sociedade teve tantos motivos para se indignar e preferiu se omitir...

O Caso Joanna é destas barbáries que não deveria permitir nosso silêncio jamais...

Nem deveria nos amedrontar o poderio corporativista do Tribunal de Justiça do RJ, mas nos acanhamos inexplicavelmente...

Cada qual de nós fomos tratar de nossos afazeres e deixamos prá lá...

Os bandidos que assassinaram Joanna de forma brutal contavam com isto...

André Rodrigues Marins e Vanessa Maia Furtado reconheciam antecipadamente que poderiam trucidar a criança e tocar suas vidas contando com todos nossos medos...

Psicopatas ignoram sentimentos alheios, para eles nós somos marionetes  ao sabor do temor..

Enquanto Joanna era sepultada o assassino André Rodrigues Marins foi até a esquina da sua rua comprar algodão doce numa barraquinha...

Todos sabiam quem era o bandido  e ninguém apanhou um pedaço de madeira e esmigalhou seu crânio...

Nossa frouxidão em encurralar um desgraçado que trucidou uma criança deu chances a tudo que veio após...

Aos poucos Joanna se tornou apenas mais número inimaginável nas estastísticas policiais...

Aos poucos a menina  Joanna se tornou apenas um número de processo que o TJRJ insiste arquivar...

Com o Caso Joanna movi todos meus contatos jornalísticos e acabei me tornando um incômodo...

Senhores, senhoras: todos temem o retaliação mais a frente do Judiciário...

Quem me jurou ir até o final, absolutamente todos, enfiaram o rabo entre as pernas com justifitivas absurdas...

Um diretor de emissora contou que estava sendo ameaçado por telefonemas do André Rodrigues Marins...

Nas entrelinhas obscuras procuraram alguma desculpa para sairem a francesa...

Nestas horas diferenciam-se homens de verdade...

Demagogos aboletados em seus palanques de mentira afugentando a verdade...

O IML  ainda arquiva tecidos de Joanna e sua sepultura apenas ossos, unhas, cabelos e sua roupa azul e vermelha  de Branca de Neve confeccionada por sua avó materna...

As ruas livres e os corredores do Forum comportam o sanguinário serventuário judicial do TJRJ André Rodrigues Marins  sorridente com suas contas pessoais quitadas por todos nós...

André Rodrigues Marins se trata de  aberração social incompatível com a civilização dita humana...

 André Rodrigues Marins responde a gabenal de processos que sequer Marcola ou Beira Mar possuem capivara proporcional e todos o temem...

Um  temido merda desses dando carteirada terceirizada por idiota equivalente...

A memória de Joanna merece não recuarmos...

Joanna merece muito  mais de todos nós...

Seus mais de oitocentos sorrisos diferentes um dos outros que o destino me proporcionou mostrar por aqui nos marcaram para sempre...

Se algo for possível fazer...

Será feito!


Mesmo que custe a prisão de apenas um de nós...




 

Jorge Schweitzer

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