segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O Táxi em Movimento e o "Solo de Clarineta"...

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Ontem, apanhei um casal em Ipanema rumo ao centro do Rio de Janeiro...

Falam que talvez não dê tempo de pegarem aquela barca que faz visitação à Ilha Fiscal...

Informo que por ali existem vários outros passeios culturais também interessantes...

Casa França Brasil, CCBB, Centro Cultural Correios, Passo Imperial, Museu da Marinha e...

Museu Histórico Nacional...

Descrevo as maravilhas do Museu Histórico...

É um lugar que já estive por lá infindáveis vezes, e até já registrei imagens que reproduzi no YouTube...

- Você colocou imagens do Museu na Rede?

- É, tenho um blog...

Eles acham curioso um taxista ter um blog...

Eu também...

E vamos trocando informações sobre o alcance espetacular da Internet que proporciona esta exposição com a mesma força da Imprensa tradicional...

Acabo descobrindo que eles são de Poços de Caldas; que ele é Defensor Público e sua esposa ao lado Juíza do Trabalho...

Antes de nos despedirmos ele recomenda um texto do Erico Veríssimo, do livro Solo de Clarineta, para publicar aqui no 'Táxi em Movimento'...

Perfeito!

Atendido!



Jorge Schweitzer





"Lembro-me de que certa noite eu teria uns 14 anos, quando muito me encarregaram de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Mundial haviam carneado. (...)

Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode agüentar tudo isso sem gemer, porque não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar a costurar esses talhos e salvar essa vida? (...)
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Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem me animado até hoje a idéia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos.

Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror.

Se não tivermos uma lâmpada acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como sinal de que não desertamos nosso posto."





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