O Dia Sim...

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Já escrevi sobre 'O Dia Não' e retirei da Rede...

Eu estava raivoso...

Não posso, não devo...

O negócio é sempre manter a calma...

Com calma e com jeito, se come qualquer sujeito...

Todavia and contudo, existem uns bagulhos que chateiam...

Ingratidão é um deles...

Fico borocoxô...

Mas é da essência humana...

Ema ema ema cada um com seu 'pobrema'...

Cada qual olha prá seu umbigo...

Querer tudo prá si e o resto que se exploda é normalíssimo...

Semanas atrás recebi email de uma senhora...

Já nem lembrava de quem se tratava...

Certo dia ela apanhou meu Táxi em Movimento...

Era viúva de policial assassinado na Região dos Lagos indo para o trabalho...

Eu sabia os caminhos para ela resolver sua penúria atrás de ressarcimento monetário...

Como todo taxista conta lorotas ela ficou surpresa após confirmar que eu não era um 'conversa fiada' como já fui adjetivado...

Trocamos emails e utilizei contatos de autoridades que poderiam agilizar...

Pronto, resolvesse a indenização e ficou faltando somente outro benefício que se tratava de uma autonomia de taxi...

Jamais ela retornou informação de que tudo estava ok...

Quando travou o processo sobre este outro benefício me solicitou que intervisse...

Intervi...

Mais um anos sem contato...

Nunca me enviou sequer um Feliz Natal ou recado para saber se eu estaria vivo quando necessitasse de mim novamente...

Como dor de barriga costuma replicar, recebi email da dona - que demorei a lembrar de quem se tratava - na semana passada me pedindo mais outro 'favorzinho'...

Simplesmente deletei seu email sem responder...

Espero que não reenvie...

É assim que funciona, pô...

Ado ado ado, cada um no seu quadrado...

Não sou a palmatória do mundo...

Não quero ser...

Me recuso a ser...

Estou, na realidade, odiando ser...

Ontem vi um taxista com o carro enguiçado na Rua de Santana...

Fez sinal...

Passei direto...

Me arrependi e retornei pela Rua Irinei Marinho para conversar com ele...

Já prometi jamais acudir alguém depois dos episódios anteriores...

Socorri um taxista de cooperativa debaixo do viaduto Paulo de Frontim no domingo retrasado...

Assim que o carro pegou ele passou a me ignorar talvez imaginando que poderia achacá-lo...

Na quarta feira passada um carro com placa de Maricá implorou que estacionasse ao lado para estender cabos na minha bateria...

Para me comover fizeram cara de choro...

Assim que virou a ignição o semblante deles transfigurou-se...

Me senti um bosta por haver parado para lher prestar solidariedade...

Fiquei tão puto que enfiei o dedo na cara do velho jurando que ele era o último ser que socorria em toda minha vida...

Ficou me olhando com cara de espanto sem entender que era uma paúra proporcionada por outros sujeitos agrupados em substantivos coletivos...

Muito curioso o semblante de cachorro abandonado na hora do sufoco metaforsear-se em imponência quando você se torna descartável...

Mas, tudo bem...

E o motorista da Rua de Santana?

Ele queria saber se eu tinha um cabo para carregar sua bateria na minha...

Muita folga né?!

Como tenho consciência que nem tudo está perdido....

Amanhã vou comprar um cabo de chupeta para socorrer todo mundo...

Adoro ver a cara de alguém que estendo o cabo e me vira as costas depois que o motor vira...

Tenho muita sorte...

Chego a receber 20 ligações e 40 SMS por dia no meu celular...

Sabem quantas recebi após avisar que estava mal, fudidzo e mal pago....

Uma...

Mas não mudo um milímetro de tudo que prego...

Quem me conhece sabe que não sou faroleiro...

Quem necessitar é só ligar...

Juro que atendo...





Jorge Schweitzer