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Conheço cada calçada de Copacabana...
Cada meio fio...
E, aos poucos, vou desvendando cada solidão...
Já contei inúmeras histórias por aqui dos velhinhos de Copacabana...
Ontem conheci mais uma...
Apanhei uma senhora na praça que fica no meio do Bairro Peixoto...
83 anos de idade...
Caminhava com dificuldades...
Tem inúmeros parentes...
Vive só...
Completamente...
Agradece aos céus de possuir aposentadoria e aplicações financeiras que lhe proporcionam conforto...
Seu filho mora próximo, sequer lhe telefona...
Suas duas outras filhas só tem notícias na época do Natal e no Dia das Mães...
Vive com uma empregada que vai embora às quatro da tarde e retorna no dia seguinte...
Até pouco tempo tinha ânimo para ir ao cinema, teatro e shows que vans iam apanhá-la em casa...
Entrou em depressão recentemente...
Não sabe a razão...
Foi pega de surpresa...
Ficou sem chão...
Tentou pedir socorro...
Cada qual estava ocupado com suas vidas...
Sem tempo para acudí-la...
Encolheu-se em solidão...
Tem uma sala do apartamento coberta de livros que já não tem ânimo de abrí-los...
Assiste TV sem som...
Fica captando os barulhos da rua...
O bucolismo do Bairro Peixoto - apesar que encravado no centro de Copacabana - lhe causa tédio...
A toda hora se desculpava pelo desabafo...
A única pessoa que lhe chama para sair é uma neta...
Aproveita, invariavelmente, para lhe pedir dinheiro emprestado...
Ela sempre dá...
É seu último elo com a civilização grupal...
Não pode perdê-lo...
Almoçam em algum restaurante charmoso de Copa...
Quase não conversam...
Sua neta fica no celular o tempo todo...
Antes da neta ir-se lhe acompanha até o Zona Sul onde enche um carrinho de compras para abastecer o apartamento do namorado que não trabalha...
Ela paga, sem reclamar...
Sonha algum dia conhecer o tal apartamento que só imagina o que tenha na dispensa...
Vai tocando a vida...
Sem sonhos...
Só sombras e solidão...
Voltando a posição fetal de outrora...
Quando ocorrer o fim?
Haverá um burburinho de parentes...
Disputarão seus últimos vestígios...
Tomara que ela retorne para puxar o pé deles...
Todos...
Tomara...
Jorge Schweitzer
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Cada meio fio...
E, aos poucos, vou desvendando cada solidão...
Já contei inúmeras histórias por aqui dos velhinhos de Copacabana...
Ontem conheci mais uma...
Apanhei uma senhora na praça que fica no meio do Bairro Peixoto...
83 anos de idade...
Caminhava com dificuldades...
Tem inúmeros parentes...
Vive só...
Completamente...
Agradece aos céus de possuir aposentadoria e aplicações financeiras que lhe proporcionam conforto...
Seu filho mora próximo, sequer lhe telefona...
Suas duas outras filhas só tem notícias na época do Natal e no Dia das Mães...
Vive com uma empregada que vai embora às quatro da tarde e retorna no dia seguinte...
Até pouco tempo tinha ânimo para ir ao cinema, teatro e shows que vans iam apanhá-la em casa...
Entrou em depressão recentemente...
Não sabe a razão...
Foi pega de surpresa...
Ficou sem chão...
Tentou pedir socorro...
Cada qual estava ocupado com suas vidas...
Sem tempo para acudí-la...
Encolheu-se em solidão...
Tem uma sala do apartamento coberta de livros que já não tem ânimo de abrí-los...
Assiste TV sem som...
Fica captando os barulhos da rua...
O bucolismo do Bairro Peixoto - apesar que encravado no centro de Copacabana - lhe causa tédio...
A toda hora se desculpava pelo desabafo...
A única pessoa que lhe chama para sair é uma neta...
Aproveita, invariavelmente, para lhe pedir dinheiro emprestado...
Ela sempre dá...
É seu último elo com a civilização grupal...
Não pode perdê-lo...
Almoçam em algum restaurante charmoso de Copa...
Quase não conversam...
Sua neta fica no celular o tempo todo...
Antes da neta ir-se lhe acompanha até o Zona Sul onde enche um carrinho de compras para abastecer o apartamento do namorado que não trabalha...
Ela paga, sem reclamar...
Sonha algum dia conhecer o tal apartamento que só imagina o que tenha na dispensa...
Vai tocando a vida...
Sem sonhos...
Só sombras e solidão...
Voltando a posição fetal de outrora...
Quando ocorrer o fim?
Haverá um burburinho de parentes...
Disputarão seus últimos vestígios...
Tomara que ela retorne para puxar o pé deles...
Todos...
Tomara...
Jorge Schweitzer
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postado em 5/junho/2010
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