Logo após o golpe de 2002 que quase o retirou do poder, Hugo Chávez vinha com frequência ao Brasil...
Certa vez encontrei pessoalmete Hugo Chávez fazendo alongamento no calçadão de Copacabana antes de iniciar um cooper pela Avenida Atlântida...
Chávez estava apenas com poucos guarda costas sem nenhuma indumentária ostensiva de segurança visível a menos que outros carros descaracterizadas na pista que não possível identificar...
Achei a cena tão insólita que até imaginei alguma pegadinha de programa de tv utilizando um sósia de Hugo Chávez...
Aos poucos algumas pessoas foram se aproximando pedindo para tirar fotos que ele atendeu sorridente...
Uma amiga minha que nada em alto mar todo dia e estava na areia com amigas foi uma dessas pessoas movidas pela curiosidade e até pediu autógrafo na altura do Posto Seis onde mora...
Até zoei sobre o episódio num texto em meu blog na época já que o calção do Hugo Chávez estava muito apertado e sua faixa na testa como tenista da década de 70 desenhavam um quadro caricato...
O bombardeio orquestrado da mídia comandada pelos EUA não nos permitiu perceber com clareza até que ponto Hugo Chávez era admirado por venezuelanos ou utilizava a manipulação populista em causa própria como um messias do caos do terceiro mundo...
A Venezuela é um país de contrastes sociais abissais mesmo sendo o quinto maior produtor mundial de petróleo e me impressionou, quando estive uma única vez em Caracas, a enorme favela sem narcotraficantes mas com violência assustadora que me constrangeu arriscar passear pelos arredores...
Nestes redutos de miséria Hugo Chávez era um herói com sua compulsão de protetor dos desvalidos manipulados com bolsas governamentais como máquina de manobra...
A história necessita pelo menos de 20 anos para dar créditos ou desmerecer seus protagonistas...
Talvez a velocidade da internet varrendo episódios possam abreviar este período de incubação...
Mesmo para os inimigos, seria melhor que Chávez vivo...
Nada mais propício para a biografia de Chávez do que seu cadáver velado em praça pública para perpetuar sua lenda bolivariana...
Jorge Schweitzer
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