domingo, 24 de março de 2013

Sara Winter, de 20 anos e ativista do Femen, se muda para o Rio de Janeiro







Copa e Jogos levam líder do Femen no Brasil a se mudar para o Rio

'Atenção para protestos será maior aqui', diz Sara Winter, de 20 anos. 

Ela foi detida na sexta (22) ao mostrar seios contra realocação de índios. 


João Bandeira de Mello 
Do G1 Rio 


Junto com as obras e a atenção do mundo todo, a escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016, além da final da Copa do Mundo de 2014, trouxe ao Rio de Janeiro a nova moradora Sara Winter. 

Embaixadora no Brasil do movimento internacional Femen, famoso pelas mulheres que protestam fazendo topless com coroas de flores na cabeça, ela vive há três semanas na cidade, onde teve sua primeira detenção como habitante carioca na sexta-feira (22), quando mostrou os seios durante a conflituosa manifestação contra a retirada dos índios do terreno que chamavam de "Aldeia Maracanã" - sede do antigo Museu do Índio, na Zona Norte - e acabou sendo detida. 

Autuada por ato obsceno (artigo 233 do Código Penal, sujeito a pena de três meses a um ano de prisão), tem audiência na Justiça marcada para 24 de junho. 

"Gritei chamando eles de 'assassinos!' porque estão matando a cultura brasileira.  Ao expulsar os índios, o governador Sérgio Cabral está matando as raízes brasileiras, fazendo uma coisa com dinheiro público para dar aos estrangeiros, em vez de atender às necessidades reais da população", contou ao G1 Sara, que conheceu o movimento Femen, originariamente ucraniano, em 2011, através de notícias, e se juntou a ele no ano passado, quando foi convidada por suas integrantes a visitar a Ucrânia no ano passado, quando o país foi uma das duas sedes da Eurocopa, competição europeia de seleções nacionais de futebol. 

"Havia muitas semelhanças, como replanejamento das cidades para atender aos outros e protestos contrários, porque obras prejudicavam pessoas que moravam lá". 

A militante nunca tinha ouvido falar no Femen, até ver notícias sobre protestos delas na Ucrânia. 

"Me identifiquei na hora. Depois, entrei em contato com as integrantes, recebi o convite para conhecê-las e, depois, para trazer o Femen ao Brasil", conta Sara, acrescentando que o grupo hoje tem 15 integrantes no país, além de 20 assistentes, todos voluntários, que ajudam com divulgação, atualização de site e outros assuntos. 

"O Femen age para testar a democracia onde não há democracia, como nesse caso, em que os índios, a população, não foram ouvidos", diz. Natural de São Carlos (SP), Sara conta que veio morar no Rio mesmo por conta da Copa e da Olimpíada. 

"A atenção vai estar mais voltada para cá, por isso decidir vir", diz a ativista de 20 anos, que também namora um carioca, morador de um bairro do Subúrbio, "perto de Madureira, mas não sei exatamente onde". 

Por enquanto, seu objetivo imediato é conseguir algum lugar para morar, por até agora vem se revezando entre casas de amigos, "de Rocha Miranda ao Engenho Novo", no Subúrbio, enquanto não consegue dinheiro para alugar "um lugar barato". 

Uma opção que a interessou foi um conjugado no Morro do Tuiuti, em São Cristóvão, um dos que tem Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), mas Sara não conseguiu juntar R$ 700 para bancar os dois meses adiantados do aluguel de R$ 350 que eram exigidos. 

"Vi vários lugares e acho que seria bacana morar na favela", conta, em tom que aparenta animação, sem citar a UPP. 

Na sexta (22), a 3 km do Tuiuti, ela foi detida por policiais militares do Batalhão de Choque após se jogar com os peitos de fora no asfalto quente na Radial Oeste, em frente ao antigo Museu do Índio, onde cerca de 35 indígenas seriam retirados, em meio aos protestos de um número bem maior de militantes. 

"Me algemaram, me puseram no camburão e, depois de três horas detida, eu tive que ir para a UPA [Unidade de Pronto Atendimento] da Saens Peña [na Tijuca, Zona Norte], porque meu joelho estava inchado. Passei por um raio-x, mas felizmente não sofri nada", lembra Sara, que terá que comparecer à primeira audiência judicial daqui a três meses, mas não se lembra de onde ela ocorrerá. 

"O papel ficou na casa do meu namorado", justifica. Enquanto falava com o G1, da casa de uma amiga, Sara preparava-se para mais um bico dos diversos que já fez nessas três semanas de Rio, como "recepcionista, no Saloon 79", um misto de bar, boate e casa de shows em Botafogo, na Zona Sul. 

Antes, já fez faxina em Jacarepaguá, na Zona Oeste, e, por vezes, cuida de uma idosa com Mal de Alzheimer, na Zona Norte. 

Mas a atividade que mais lhe rendeu dinheiro, "R$ 200", até agora em sua estada carioca fui um ensaio nua nas pedras do Arpoador, no final da Praia da Ipanema, na Zona Sul. 

"Foi um ensaio de nu artístico para a Lia Arte Vero, que eu adoro, muito boa", conta Sara, que usou sua coroa de flores com faixas coloridas tendo ao fundo o mar de Ipanema, nas fotos que têm até um discreto nu frontal – além do que ela já costuma mostrar nos protestos.




PS: Sara terá muito trabalho por aqui, o que não faltam são desmandos para protestos... JS







Um comentário:

  1. Eles não estão matando a cultura indígena, o prédio estava abandonado e os índios invadiram. Isso é manter a cultura viva? Agora eles vão reformar o prédio e os índio precisavam sair.

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