domingo, 10 de março de 2013

Boate Kiss era prédio de cursinho de Pré Vestibular adaptado sem saída de emergência como casa de espetáculo







Polícia pode ter encontrado falha crucial na sucessão de erros da Kiss 

Projeto de Reforma sem Ampliação do Imóvel não está na prefeitura de Santa Maria 


Carlos Wagner 
carlos.wagner@zerohora.com.br 


O projeto de reforma do prédio para a instalação da boate Kiss não foi aprovado pela prefeitura de Santa Maria. 

Graças a normas legais, que não exigem a aprovação do projeto para a concessão da licença de funcionamento, a Kiss teria recebido o alvará de localização. 

Na madrugada de 27 de janeiro, um incêndio destruiu a casa noturna, e falhas nas instalações são apontadas como causas pela morte de 241 pessoas, a maioria jovens universitários. 

Para a instalação da boate, em 2009, foi feito um Projeto de Reforma sem Ampliação do Imóvel. 

Este tipo de projeto tem o objetivo de adequar o prédio às medidas de segurança exigidas para a nova atividade (antes da boate, funcionava no local um cursinho pré-vestibular) e fica arquivado na prefeitura para consultas. 

No dia 27 de julho de 2009, a arquiteta Cristina Gorski Trevisan entrou com um requerimento (número 21399/09) no Escritório da Cidade — autarquia da prefeitura —, pedindo aprovação do Projeto de Reforma sem Ampliação do Imóvel do prédio para que, então, a boate pudesse funcionar. 

A arquiteta fez uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) do projeto no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS). 

Na prefeitura, o documento foi avaliado pelo arquiteto Rafael Escobar de Oliveira. 

Em entrevista a Zero Hora, Oliveira afirmou que pediu que fossem feitas 29 modificações no projeto, sendo que uma delas se referia a portas de emergência. 

Em 17 de setembro de 2009, o projeto foi entregue à arquiteta Cristina Gorski Trevisan. 

A partir da entrega, começou a correr um prazo de 60 dias para o retorno do projeto à prefeitura com as modificações exigidas. 

Não há registro conhecido de que o projeto tenha retornado à prefeitura. 

O que existe são seis multas, no valor de R$ 15 mil, que mostram que a boate Kiss começou a funcionar de maneira clandestina quatro dias depois de a arquiteta enviar o projeto de reforma, em 31 de julho de 2009. 

Em 2010, a boate recebeu o alvará de localização. 

Na tarde deste domingo, ZH conversou com a arquiteta Cristina, que se limitou a dizer, via e-mail: 

 — O meu escritório fez o projeto de arquitetura de interiores em 2009. Ele foi aprovado pela prefeitura — argumenta. 

Prefeito apenas ouviu falar das exigências técnicas do projeto de reforma 

Embora a licença da prefeitura para fazer reformas sem ampliação do imóvel não seja um documento requerido na hora de dar o alvará de localização, a ausência da aprovação do projeto pode ser o fio da meada que irá ajudar a esclarecer como a Kiss funcionava sem condições. 

Este é o raciocínio de Sandro Meinerz, um dos delegados encarregados do caso. 

— Mesmo que fosse apenas uma exigência burocrática, este tipo de licença tem como objetivo a segurança — lembrou Meinerz. 

Na sexta-feira, durante depoimento do prefeito Cezar Schirmer à Polícia Civil, o delegado perguntou se ele conhecia esta situação. 

Sem entrar em detalhes, o chefe do Executivo respondeu ter ouvido falar da listagem de exigências técnicas feitas ao projeto. 

— Nós informamos oficialmente à polícia que não temos arquivado o Projeto de Reforma sem Ampliação do Imóvel da Kiss — afirmou Anny Desconzi, procuradora-geral da prefeitura. 

A procuradora ainda acrescentou que o projeto de reforma só é exigido pelos órgãos que liberam o alvará de localização quando aumenta a área construída porque aumenta também o o valor dos impostos.


PS: A Polícia poderia solicitar prisão de todos que de alguma forma proporcionaram vítimas ficarem encurraladas entre chamas e fumaça... A tragédia de Santa Maria é uma sequência de irresponsabilidade em cadeia que envolve ganância, corrupção e desprezo pelo próximo... Todos eles sabiam que a irresponsabilidade seria o estopim da tragédia anunciada... Se isto não pode ser enquadrado como banditismo melhor rasgar o Código Penal... JS











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