sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Delegado Hermenegildo, o Jacaré...

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Ontem aconteceu um troço desagradável que se não houvesse testemunha eu jamais iria contar por aqui...

Na Curva do Calombo, do lado prédios da Lagoa, havia um motociclista do Exército parado exatamente no meio da avenida...

Ele conversava com outro motoqueiro em moto civil e parecia até mesmo abordagem...

O soldado do Exército vestia verde oliva camuflado e sua moto era modelo Harley Davidson imensa ou similar, daquelas que fazem escolta de autoridades...

Tive que fazer manobra brusca para não atropelá-lo e enfiei o dedo na buzina...

O cidadão militar fez cara de 'tô nem aí' e continuou conversando com o outro motoqueiro...

Logo a frente o trânsito parou, naquele engarrafamento normal da Lagoa...

O militar motociclista partiu furioso em meu encalço e se posicionou amedrontador ao lado da minha janela...

- Qual problema?

Retirei o cinto de segurança e abri minha janela disposto a não engolir mais nada de falsa 'autoridade' em razão que este troço já anda enchendo o raio do saco...

- O senhor está no meio da pista, meu chapa!

- Estou pedindo informação! Porque eu não posso parar no meio da rua e você pode?

Daí aumento o tom olhando direto prá cara dele:

- Eu não POSSO, o senhor não PODE e ninguém PODE! ENTENDEU, quer que eu repita?

- Eu posso!

- Pode NÃO! O senhor não pode NADA!

Ele fica me olhando e tentando localizar minha placa...

Eu tentando averiguar a dele...

É muito estranho um sujeito solitário com veículo militar utilizado como batedor perdido no meio do trânsito da Lagoa...

Jamais o Exército deixa sair por aí um soldado solitário...

Manuais básicos de comportamento militar desaconselham este tipo de performance...

Tem alguma coisa errada com este desgarrado circulando imponente pela Lagoa Rodrigo de Freitas...

Estes veículos devem possuir GPS e o Exército tem obrigação de nos explicar...

Mas, tudo bem...

Só chateou a atitude imponente do 'autoridade' exercendo seus pequenos podres poderes...

Daí, minha passageira, do banco detrás:

- Moço, isto foi maravilhoso! Faz bem prá gente ver uma coisa dessas! Lava a alma!

- Desculpa, é que meu dia foi nada bom; juro que não sou assim...

- O senhor lembrou meu esposo...

- Seu esposo faz o quê?

Minha passageira chama-se Leda...

Está viúva há sete meses...

Estamos a caminho de Benfica, ali na rua dos lustres onde ela tenta fazer algo para amainar a dor...

Ainda não conseguiu administrar a perda...

Viveram felizes 18 anos juntos...

Seu esposo foi da Polícia Especial até optar pela Polícia da Guanabara quando o Rio de Janeiro deixou de ser capital...

Poderia ter optado entre Polícia Civil do RJ ou Polícia Federal...

Preferiu ficar por aqui...

Tornou-se Delegado...

Leda me conta que era muito respeitado na sua profissão...

Todos policiais tinham apelidos...

Por algum motivo inexplicável passou a ser identificado como Jacaré...

Chamava-se, na realidade, Hermenegildo...

Leda se despede...

Aviso que vou narrar nosso encontro acidental por aqui...

Ela autoriza...

Quase não acredita muito que vou cumprir a promessa...

Sempre cumpro!




Jorge Schweitzer





3 comentários:

  1. Que babado, Jorginho!
    Soldado solitário da PE andando por aí soltinho e cheio de "otoridade"...
    Tinha q. pegar pelo menos o nome dele de guerra e liberar aqui no Blog, pois temos rastreadores!

    Micaelle.

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  2. Não deu para ver o nome de guerra, pois ele estava de lado...

    Foi tudo muito rápido...

    Quando eu me preparei para sair do carro ele saiu fora...

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  3. Tive o prazer de conhecer o jacaré uma figura, gente de melhor qualidade. Lembro uma de nossas conversas sobre um caso de um bombeiro envolvido com a melicia. E falou simples assim sou contra bombeiro ter porte de arma não se precisa de arma para apagar o fogo.

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