Paolla Serra
A Polícia Civil indiciou e prendeu por estupro de vulnerável um motorista do Ônibus da Liberdade — transporte gratuito para alunos da rede municipal de ensino.
João Batista de Oliveira, de 49 anos, é acusado de abusar sexualmente de duas meninas, de 8 e 10 anos.
Era ele quem levava as garotas para a escola, na Barra da Tijuca.
As agressões, ocorridas em novembro de 2011, só foram descobertas no mês passado, um ano depois, e apenas porque as duas, estudantes da rede pública, contraíram uma doença sexualmente transmissível.
A Secretaria municipal de Educação também investiga o caso. Segundo as investigações da 32ª DP (Taquara), os abusos aconteciam aos sábados, quando a ex-companheira de João Batista saía para trabalhar.
A filha dela é uma das vítimas.
Na residência do casal, numa favela da Zona Oeste, ele aproveitava que as duas amigas brincavam para se insinuar.
As meninas não teriam contado para as mães em troca de bonecas e R$ 5 dados por ele para que as duas comprassem balas e lápis.
A mãe da outra vítima só procurou a polícia em 2 de novembro, após levar a filha a um ginecologista.
A menina sentia fortes coceiras nas partes íntimas e, na consulta, foi diagnosticado que estava com HPV (vírus disseminado por relações sexuais).
Ela teve de passar por uma cirurgia para eliminar as verrugas.
Pressionada pelo médico e pela família, a estudante acabou relatando os episódios.
— Estava brincando com ela (a outra menina) e ele começou a se esfregar. Também tirava nossas roupas e corria pelado pela casa — recorda-se a garota de 8 anos.
Os abusos aconteceram durante cinco sábados, conta a menina.
Depois disso, o acusado abandonou a família e se mudou sem dar explicações.
Ele ainda permaneceu exercendo a função de motorista e levando as vítimas da escola municipal para casa.
‘Afastamento imediato’
Procurada, a Secretaria municipal de Educação só tomou ciência do fato por meio EXTRA.
Em nota, a assessoria de imprensa informou que a 7ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) abriu uma sindicância administrativa para apurar o caso.
A secretaria esclareceu ainda que “pediu o afastamento imediato e definitivo do funcionário, que se encontra em férias desde o dia 6 de dezembro”.
Já a Transriver, empresa terceirizada que presta serviços para a prefeitura, informou que João Batista de Oliveira já foi desligado da firma.
Ele foi contratado em junho de 2010 e começou a dirigir o Ônibus da Liberdade, naquela região, em outubro do mesmo ano.
O caso está no III Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Jacarepaguá.
O advogado Ivo Perassolli, que defende João Batista, afirma que a investigação é superficial, e que não há elementos que apontem seu cliente como autor do crime.
Sobre o HPV, Perassolli diz que as meninas podem ter contraído o vírus sentando em qualquer lugar.
X.
8 anos, estudante
Como eram os abusos?
Nós estávamos brincando de Barbie e ele veio. Começou a se esfregar na gente. O tio dizia que era brincadeira. Acontecia sempre aos sábados. Ele tirava a nossa roupa e a dele, e brincava de correr pelado pela casa. Também colocava filme de sexo na televisão.
Por que você não contou tudo para sua mãe?
Ele falava pra gente não contar nada pra ninguém porque íamos ganhar boneca e dinheiro. Boneca ele não chegou a dar, mas sempre dava R$ 5.
Como você está agora?
Estou triste, muito triste. Nunca mais vou ser feliz.
Que punição você espera para o motorista?
Eu queria que ele ficasse preso.
Qual seu sonho? O que quer ser quando crescer?
Quero ser rica. Quero ser delegada, só pra prender os bandidos todos, ia prender (o acusado) também.
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