(Dr. Adão Crespo é o de óculo a direita)
Ana Cláudia Costa
RIO — Poucas horas depois de seu advogado informar que estava com crise hipertensiva, de licença médica, o neurocirurgião Adão Orlando Crespo Gonçalves compareceu à 23ª DP (Méier) para depor.
O médico é acusado de ter faltado ao plantão no Hospital Salgado Filho, no Méier, na noite de Natal, quando deu entrada Adrielly dos Santos, de 10 anos.
A menina, que ontem foi transferida para o Hospital Souza Aguiar, no Centro, ficou oito horas esperando por uma cirurgia após ser atingida na cabeça por uma bala perdida.
Mais cedo, o advogado Alex de Souza havia informado que o depoimento de Adão estava adiado por tempo indeterminado.
Ao delegado Luiz Archimedes, titular da 23ª DP, o neurocirurgião disse que já havia comunicado ao seu chefe, identificado por ele como José Renato Paixão, que não faria o plantão.
O médico informou ainda, segundo o delegado, que não concordava com a escala feita pelo hospital e, por isso, há um mês vinha faltando os plantões.
No depoimento, ele acrescentou que o hospital não cumpre a determinação do Conselho Regional de Medicina, de escalar dois neurocirurgiões por plantão. Na escala teria apenas ele.
Archimedes disse que vai pedir quebra do sigilo telefônico do médico e solicitará o livro de ponto do hospital, para verificar a folha do médico, que estaria em branco.
Adão deixou a delegacia sem falar com a imprensa.
Disse apenas que empurraria os repórteres que tentassem chegar perto dele.
Na manhã desta sexta, estiveram na delegacia o médico residente Pedro Carneiro e a pediatra Albine Luana.
Também é aguardado o médico Ênio Eduardo Lima Lopes, chefe da equipe médica de plantão na noite de Natal.
Na quinta-feira, o secretário municipal de Saúde, Hans Dohmann, determinou a instauração de um inquérito administrativo para apurar a ausência do neurocirurgião.
O secretário disse ainda que não há registro em sua pasta ou na Secretaria de Administração de qualquer pedido de demissão feito pelo neurocirurgião e reiterou que, mesmo que ele estivesse demissionário, não poderia ter faltado ao plantão.
A investigação pode levar à demissão do médico.
A menina foi transferida na tarde de quinta-feira para o Hospital Souza Aguiar, no Centro.
— O estado dela ainda é grave, mas tenho fé de que esse é o primeiro passo para a recuperação de Adrielly — disse o pai da menina, Marco Antônio Bentim Vieira, de 36 anos, que pensa em processar a prefeitura pela falta do médico.
No caso do chefe de plantão do Salgado Filho, Enio Eduardo Lima Lopes, que trabalhava na noite de Natal, será aberta uma sindicância para apurar as causas de a menina não ter sido transferida para outra unidade.
— O chefe do plantão disse que preencheu o formulário sobre o caso da menina para que fosse encaminhado à central de regulação de leitos, o que não foi feito. Era papel dele fazer com que a informação chegasse à central. Ele não deveria delegar essa tarefa — criticou o secretário.
Na quinta-feira também, o diretor-geral do Salgado Filho, Conrado Weber, prestou depoimento na 23ª DP (Méier).
Na véspera, o delegado disse que Adão Orlando poderia ser indiciado por omissão de socorro.
Caso ele não compareça à delegacia, poderá ser levado à força.
Na quarta também, o prefeito Eduardo Paes chamou o neurocirurgião de “delinquente”:
— Tem que demitir esse médico. Ele é um irresponsável.
Adrielly foi atingida quando estava na Rua Amália, em Piedade, em frente à casa da avó.
Depois que a menina caiu, um amigo da família, que é taxista, a levou para o Salgado Filho.
Segundo a família, ela deu entrada no hospital à 0h20m. A cirurgia na cabeça da garota, porém, só começou às 9h10m, ainda de acordo com os parentes.
PS: Achei bacana que o Dr. Adão Crespo é invocado e ameaçou repórteres e nenhum deles se prontificou encará-lo... É aquela tática de amedrontar oponentes mesmo estando todo ferrado... Tem tudo para dar errado, Dr. Adão, melhor calçar as sandálias... JS
e ele não comparecia, como o nome dele, ainda estava na ficha do hospital.
ResponderExcluirpq não tinha outro no lugar dele ? ou o hospital não tem controle sobre quem trabalha ali ou não trabalha. ?
Isso mostra como alguns médicos se sentem "deuses": o chefe dele, aliás, é um frouxo com sangue de barata porque deixou um subordinado faltar ao trabalho "por não concordar com a escala". Desde quando alguém tem o direito de faltar ao trabalho por não concordar com alguma coisa? Se há uma necessidade imperiosa de dois neurocirugiões por plantão, ele que denunciasse a situação à secretaria de saúde ou ao Cremerj. Graças a este energúmeno, pacientes que antes contavam com um neurocirurgião por plantão passaram a contar como nenhum. Grande "solução, doutor! Felizmente você não está em certas regiões do Brasil, onde um médico que faz uma coisa assim é morto a tiros pela família do paciente. Este médico VAGABUNDO E IRRESPONSÁVEL tem que ser demitido a bem do serviço público.
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