Hoje levei algumas pessoas até à Catedral do Rio de Janeiro ali na Avenida Chile para assistirem a Missa do Galo pouco antes das 20 horas...
Na minha infância tal missa era celebrada exatamente a meia noite...
Aquilo era enfadonho para minha sonolência entorpecida; acostumado a dormir com as galinhas, no bom sentido...
Meu pai tinha mania de Missa do Galo, embora nem fosse tanto aos domingos à missas...
E eu ia junto, toda criança adora ir com o pai nem que seja para uma roubada dessas...
Sempre me marcou muito a coisa de Pedro negar Jesus três vezes mesmo após cortar a orelha de um soldado com uma espada de dois gumes para defendê-lo e Jesus a colou de volta no romano...
Tudo é muito simbólico nas passagens bíblicas...
Parece que tudo mais representa uma mensagem do que a realidade pela dificuldade de reprodução escrita esmiuçada dos fatos com fidelidade na época sobre papiros e peles de carneiro...
A negativa de Pedro, ocorrida pouco antes da crucificação, ser relembrada na Missa do Galo no Dia de Natal que comemora nascimento de Jesus fica meio fora do contexto...
Assim como vaca e burro no presépio e um bebê feliz como Filho do Criador numa manjedoura é esquisito...
Talvez a explicação de animais esteja que esta coisa de presépio foi criada por São Francisco de Assis...
Todos personagens bíblicos têm descrições oblíquas colocados no mesmo cenário como indutores do desfecho da mensagem do cristianismo...
Mesmo Iscariotes foi escolhido, sem ele não haveria o le grand finale necessário para propiciar a ressurreição como marca única da fé a ser propagada por milênios...
Pedro era pescador de pouca cultura e serviu para demarcar como primeira pedra muito embora Paulo tenha sido o grande mentor por ser um intelectual muito embora jamais tenha estado com Jesus em vida que não após a ressurreição...
Daí vem novamente a coisa dos atores de altos e baixos, Paulo - enquanto Saulo - torturava cristãos como ocorreu sua participação pessoal no martírio de São Esteves...
Logo após sair da Catedral segui em frente e assisti uma quantidade enorme de mendigos em mesas improvisadas na frente do Teatro Municipal numa ceia de Natal patrocinada por alguma Ong...
Parei para filmá-los e preferi não registrar aquela profusão de desvalidos que há muito perderam o significado de refeição como celebração de um novo tempo...
Um deles me deu um abraço que não pude evitar...
Para àqueles rotos veniais é mais uma noite infeliz incompreensível e sem rumo onde na mesa de pés cambaleantes preferiam o mesmo vinho abundante, panetone e fatias de porco que purga pecados mortais dos afortunados...
Jamais terão...
Apenas João Batista realmente percebeu que seu discípulo menino era muito maior que ele...
Dizem que Jesus aos 12 anos criou um pássaro de argila e brincou de fazer milagre lhe dando vida...
Gosto de fábulas de reviver e voar...
Esta passagem não foi incluída nos 66 livros cânones para restringir explicações teologais numa apropriada configuração mais apostólica...
Engraçado...
Trocaria a Megasena da virada por compreender melhor sobre a improvável ressurreição da minha fé no mandamento maior em Marcos 12:28-31...
Impossível!
Então...
Não há nada a comemorar!
Se Pedro negou três vezes seu melhor amigo não há muito de aguardar de simples mortais empanturrados de ocasião que algum dia juraram te acompanhar até o fim...
Assim caminha a humanidade...
Jorge Schweitzer
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