quinta-feira, 26 de abril de 2012

Sean Goldman fala pela 1ª vez a TV nos EUA




.


"Outros pais podem ser só pais. Mas ele é mais que um pai", diz Sean a respeito de David, que encarou uma longa disputa judicial para ter sua custódia.

Questionado sobre como era sua vida no Brasil antes da volta para os EUA, Sean, hoje com 11 anos, disse:

"Eu não estava com raiva, mas estava confuso", disse, sempre em inglês. "Onde estava meu pai? Eu tinha medo de perguntar."

Sean disse se lembrar de quando, em dezembro de 2009, foi levado do Rio de Janeiro de volta a Tinton Falls, Nova Jersey, onde hoje mora.

"Lembro de ser arrastado por ruas cheias de cinegrafistas. Muitas pessoas empurrando", disse. "E ouvir muita gritaria e gente chamando meu nome. Eu só queria escapar de todos."

"Eu lembro de ter ido ao avião, e meu pai estava olhando e acenando. Eu disse para ele se apressar porque eu queria entrar no avião e voltar para os EUA."







Um comentário:

  1. Gostaria de mandar uma mensagem para a avó do garoto Sean Goldman:

    Prezada senhora,

    Posso imaginar a sua angústia em não ter seu neto ao redor. Sei da complexidade do caso, da dor, dos mecanismos jurídicos, do amor que não será correspondido. Mas acredite, peço que acredite: seu neto está no lugar certo. Ele está junto ao pai, o qual parece gostar muito do filho. Sean mora em Nova Jersey e tem uma família. Algumas cidades desse Estado tem um nível de vida altíssimo. Refiro-me a segurança, educação, saúde, conforto, natureza ao redor, etc. Sean tem tudo isso agora; é um garoto feliz e saudável. É hora de virar a página. Sei que não é fácil, mas vale a pena tentar.

    Senhora, leia as notícias sobre nosso país. Mais de 7 bilhões de reais estão sendo usados para construção de estádios de futebol. 97% desse dinheiro é público. Enquanto isso nossas crianças tem péssimas escolas, não tem segurança alguma, nossas estradas matam milhares e milhares de pessoas, vivemos numa terra sem respeito, vivemos num dos países mais corruptos do planeta, vivemos num país onde desmatadores ganham carta branca para continuarem a destruir nossas florestas, vivemos num país onde ministros estão atolados em denúncias de todos os tipos, um país onde falsos médicos atendem crianças torturadas pelos próprios pais. Um país onde torturadores dos próprios filhos ganham liberdade e ainda ameaçam a sociedade. Esse é o país que seu neto deixou pra trás. A senhora deveria é sorrir e agradecer.

    É verdade que os EUA tem inúmeros problemas. Mas acredite, senhora, seu neto está no lugar certo. Tem tudo para estudar em universidades excelentes, virar um ótimo profissional, ter uma história feliz pra contar pros netos. Ao contrário do Brasil, nossos jovens não podem fazer previsão de coisa alguma. Primeiro pela violência, uma verdadeira guerra civil que seu neto felizmente deixou pra trás. Mas também a incompetência generalizada, a má-vontade, o rancor das pessoas, o tal do jeitinho que nunca esteve tão nojento, a hipocrisia, o despreparo, a imensa alienação de nosso povo, etc.

    Senhora, mesmo sendo difícil do ponto de vista pessoal, vire a página. Seu neto agradecerá. Quem sabe um dia ele volta ao Brasil de férias com os próprios filhos. Quem sabe ele pode até sentir saudades do Brasil que ele não conheceu. Porque mais alguns anos em nosso país, ele teria na boca o gosto amargo de viver num país corrupto demais, hipócrita demais, ignorante demais.

    Quem sabe o dia em que ele voltar ao Brasil ele até encontre um país muito, muito melhor do que esse que eu descrevo. Quem sabe.

    Não se preocupe tanto que o pai vai impedí-lo de visitar a senhora. É uma guerra psicológica, eu sei. Mas a senhora deve seguir sua vida. Outras crianças certamente podem ser ajudadas pela senhora. Serão sorrisos nos rostos de jovens brasileiros que quem sabe mudarão o país pra melhor.

    Otávio

    ResponderExcluir