O Amor...

.




.

Ela sabe onde posso encontrá-la...

Mesmo que não faça nenhum esforço para...

Ontem Ela jogou na Rede sua peituda prótese novinha em folha só para eu localizar...

Mal sabe Ela que aquela coisa de peito com ponta artificial me relembra beijar o bico gelado da orca Tilikum na Seaworld...

Sou um natureba que come carne...

Ela pode ter quase tudo...

Quase...

Menos meus versos em dó maior...

Sou durão...

Muito...

Feito uma bigorna...

Ela sabe o quanto...

Quem passou, passou...

Jamais tenho recaídas de amores perdidos...

Nasci nos rincões do Rio Grande...

Jamais...

Existe estudo científico comprovando que plausível enfartar por amor mesmo em coração saudável abandonado...

Eu não...

Nunquinha...

Ela foi-se e acabou...

Para sempre...

Tá peitudona e tudo e daí?

Que seja feliz...

Quando Ela partiu chorosa, jurei-lhe vingativo a Maldição Jorge Schweitzer a multiplicar uma grama por segundo até virar arroba no final do mês...

Não funcionou...

Ela tá um filé...

Tô nem aí...

Comigo não, violão...

A gente tem que restabelecer determinados parâmetros compatíveis com a coerência de corno pretérito...

Semana passada uma moça me confidenciou que acabara de adotar um cachorrinho órfão da enchente na serra - numa feira armada pela Suipa em Copacabana - ao ficar hipnotizada por aquele olhar comovente canino pidão de desabado de caminhão de mudança...

Desde então tenho treinado na frente do espelho a tal cara de cão...

Pouco provável que ela resista em me ligar...

Sou um street dog com pedigree inesquecível...

Se ela me ligar já estou preparado...

Au, au!

Cain, caí, caín!

Volto na hora...





Jorge Schweitzer






PS: Sou cheio de graça, né? Tá rinu, é? Não vou contar por aqui jamé, fica fria...