domingo, 6 de abril de 2014
A boa morte de José Wilker
Um antigo costume desejava boa morte à quem estava às portas dela, exista até uma uma Nossa Senhora da Boa Morte...
José Wilker não necessitou, morreu sem dar sinal algum...
Trabalhou o dia inteiro dirigindo ensaio de uma peça como se nada indicasse despedida...
Tempos atrás vi o José Wilker na Rua São João Batista, em Botafogo...
Sentado ao lado da porta de entrada do Teatro Poeira, Wilker com um livro aberto enquanto aguardava sei lá o quê...
Com meu celular tirei algumas fotos da cena inusitada que reproduzo acima...
Pensei em chamá-lo e lhe enviar um aceno com a mão; preferi não incomodar sua introspecção...
Na semana passada assisti o Wilker no Video Show...
Não acompanho novelas, na retrospectiva de ontem no Jornal Nacional descobri que Wilker interpretou o Roque Santeiro, ao contrário que eu imaginava ter sido o Lima Duarte como Zeca Diabo...
No cinema lembro bem do Wilker em Dona Flor e Bye Bye Brasil...
E das suas participações como comentarista da Globo na entrega do Oscar...
Wilker afirmava que assistia um filme todo dia...
E lia, lia muito...
A ingratidão da natureza é irmos acumulando conhecimento e termos que partir em silêncio...
Pelo menos José Wilker deixou farto material como registro...
Wilker jantou num restaurante de Ipanema, tomou uma taça de vinho tinto, deu mum até-breve aos garçons e foi dormir na casa da namorada...
Wilker morreu enquanto dormia, fulminado por ataque cardíaco aos 67 anos de idade...
Deixou boas lembranças e nenhum alquebrado sofrimento na partida além da saudade de quem o admirava...
Uma morte bacana, destas que a gente almeja...
Sem estardalhaço...
Como quem vai ali na esquina e já volta...
Jorge Schweitzer
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário